Terminei de Ler: A Verdade Sobre Nós



A Verdade Sobre Nós

Autora: Amanda Grace
Páginas: 208
Editora: Intrínseca


Madelyn Hawkins está cansada. Cansada de ser sempre perfeita. Cansada de tirar A em tudo. Cansada de seguir à risca os planos que os pais fizeram para ela. Madelyn Hawkins está cansada de ser algo que não é, algo que não quer ser. E então ela conhece Bennet Cartwright. Inteligente, sensível, engraçado. A seu lado, ela se sente livre e independente. Uma história que poderia muito bem ter um final feliz, não fosse por um detalhe: Maddie tem apenas 16 anos, e Bennet, além de ter 25 anos, é seu professor. Pressionada pelos pais a participar de um programa para jovens talentos, Maddie pula dois anos do Ensino Médio e vai direto para a faculdade, onde conhece e se apaixona pelo professor de biologia. O sentimento é recíproco, e para dar uma chance àquele novo relacionamento que lhe faz tão bem, ela decide não contar para Bennet sua idade. Não demora muito para que as coisas comecem a dar errado, e as consequências da farsa de Maddie ganham contornos devastadores quando a verdade vem à tona. 


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Madelyn Hawkins é uma garota jovem e inteligente. Tão inteligente que já está cursando aulas na faculdade sem sequer ter terminado o ensino médio, em um projeto custeado pelo próprio colégio. Tão jovem que tem apenas 16 anos.

Logo no primeiro dia de aula ela conhece Bennet Cartwright, seu novo professor de biologia. Com apenas 25 anos, bonito e com uma leve sombra de barba por fazer, ele logo desperta a atenção de várias alunas, entre elas Maddie.

Coincidentemente eles se encontram na trilha para subir uma montanha no sábado de manhã e começam a conversar. O que poderia ter sido apenas uma paixão platônica da parte de Maddie começa a se transformar em uma amizade mais profunda, e Bennet também começa a se interessar por ela. O que ele não sabe é que ela tem apenas 16 anos.

Bennet acredita que por Madelyn já estar na faculdade tem no mínimo 18 anos e, portanto, para ele o único impedimento para eles ficarem juntos é o fato de ele ser professor e ela aluna. Porém, isso não os impede de conversarem fora da sala de aula sempre que possível, e os interesses de ambos são bem claros.

Madelyn é uma aluna modelo e onde seus pais depositam todas as suas expectativas. Apesar de não ter certeza sobre o que irá cursar na universidade, ela segue tudo conforme o planejado e não parece se importar em fazer isso até conhecer Bennet. A partir dai, ela começa a ter cada vez mais dúvidas e colocar em xeque a certeza de que o melhor para ela é ser sempre a melhor aluna e fazer o melhor curso, como engenharia ou medicina, de preferência em Harvard. 

O que temos aí é uma mistura de adolescente confusa, apaixonada pelo professor, e que quer quebrar o paradigma, fazendo coisas que sabe que seus pais não permitiriam, mas que não acreditam que ela seria capaz considerando seu histórico.

O livro todo é narrado em 1ª pessoa, na forma de uma extensa carta que Madelyn escreve contando seu ponto de vista. Apesar disso, não é totalmente narrativa, tendo muitos diálogos. O vocabulário empregado é condizente com a idade da narradora, e o texto é rápido e simples de ser lido. Além disso, como a história é contada do seu ponto de vista, sabemos muito mais sobre o que se passa em sua cabeça, seus medos e seus anseios, do que sobre qualquer outra personagem.

A narrativa contém uma certa ingenuidade, intrínseca à idade e aos acontecimentos relatados, mas também um desejo de deixar de ser a "garotinha perfeita" e se tornar uma mulher dona de suas próprias escolhas. Assim como vemos uma certa reverência de Maddie a comportamentos mais éticos e nobres de Bennet, vemos também a comparação que ela faz entre seu novo professor mais velho e os garotos de seu antigo colégio, o que demonstra claramente o período de transição e confusão por que ela passa.

É impossível não se afeiçoar por uma história tão romântica e contada de forma tão ingênua quanto esta, então antes mesmo da metade do livro já estamos torcendo por um final feliz, porém é preciso lembrar que ela é baseada em uma mentira, (na realidade uma ocultação da verdade, já que Maddie deixa passar todas as chances de dizer a verdade sobre sua idade a Bennet por medo de que ele se afaste dela) e isso poderá ter consequências desastrosas. 

Além disso, é bem interessante ver  a diferença entre a cultura americana e a brasileira quando se trata de relacionamentos entre pessoas com diferentes idades, especialmente se uma delas tiver menos de 18 anos. Como vemos no livro, em alguns estados americanos há uma chamada "idade de consentimento", por exemplo 16 anos, e a partir daí, se o/a adolescente consentir com a relação não é considerado crime, mas mesmo assim, o preconceito e aversão a relacionamentos com menores de 18 anos é realmente maior que aqui. No Brasil, se houver consentimento, a partir de 14 anos a relação de adolescentes com adultos não é considerada crime, e na prática é bem comum ver pessoas maiores e menores de idade se relacionando sem problema algum.

Essa é realmente uma leitura que eu gostaria de discutir com alguém, entender as motivações de cada um dele e quem estava certo ou errado nessa história toda, se é que isso é possível. Se alguém aí já tiver lido, deixa um recado e vamos conversar sobre. Se você interessar pela leitura, volta aqui quando terminar e diz o que achou ;)

Minha Nota: 3,5 a leitura até que vale a pena, é um livro que abre um bom leque para discussões, mas pela protagonista ser uma adolescente algumas atitudes podem ser irritantes.


QUOTES

Mas talvez o mundo real seja diferente. Não vi o bastante para ter certeza. Com certeza parecia diferente quando estávamos juntos.
pg. 9


Nunca entendi o ditado "Não se vê a floresta quando se olha só para uma árvore". Para mim, parece mais que não é possível enxergar direito quem está bem a seu lado o tempo todo. Não dá para ver o momento em que as pessoas mudam, o momento em que querem ser outra pessoa, porque você sempre as verá da mesma forma.
pg. 18

Dez anos não é muito, sabe? Se eu tivesse vinte e você, trinta, será que alguém se importaria? Parece cruel que quatro aninhos sejam tão importantes, capazes de mudar uma vida.
Na verdade, só dois importavam. A diferença entre dezesseis e dezoito.
A diferença entre o amor que pode durar uma vida e o amor que nunca pode acontecer.
pg. 36


Fazer birra porque não quer algo sem ter outra opção em mente é comportamento de uma criança de dois anos.
É difícil decidir o que ser quando você só se destaca naquilo que não quer ser.
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E aí faltariam poucos meses para meu aniversário de dezessete anos mesmo; e dezessete daria a impressão de eu ser bem mais velha.
pg. 56

Nunca falamos sobre isso, porque reconhecer que estávamos fazendo algo contra as regras, bem, isso teria deixado claro demais que era errado ficarmos juntos. Portanto, deixamos a verdade pairar ao fundo, sempre presente, mas nunca evidente.
pg. 128

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