Terminei de Ler: Mulheres Perigosas

Mulheres Perigosas 
Autor: George R. R. Martin, Brandon Sanderson, Caroline Spector, Diana Gabaldon
Editora: Leya

Páginas: 736
George R. R. Martin apresenta as mulheres mais perigosas dos livros de fantasia.

No ano em que o filme Rogue One chega às telas com uma heroína que reina absoluta, forte e autônoma, você vai conhecer as mulheres mais perigosas da literatura de fantasia mundial. Editada por George R. R. Martin, esta antologia traz 21 histórias inéditas sobre magia, ciúme, ambição, traição e rebeldia para Joana D’Arc nenhuma botar defeito. Esqueça o estereótipo de mulheres vítimas e heróis másculos enfrentando sozinhos qualquer perigo. Aqui você irá encontrar mulheres guerreiras, intrépidas pilotas, destemidas astronautas, perversas assassinas, heroínas formidáveis, sedutoras incorrigíveis e muito mais. 
Assinado por monstros da ficção científica e fantástica como Brandon Sanderson, (“Mistborn”), Megan Lindholm (“A Saga do Assassino”, sob o pseudônimo Robin Hobb), Melinda M. Snodgrass, Caroline Spector (“Wild Cards”) e novos nomes da literatura jovem como Megan Abbott (A febre) e Diana Gabaldon (“Outlander”), o volume conta ainda com uma novela do próprio Martin sobre A dança dos dragões, a guerra civil que assolou Westeros dois séculos antes dos acontecimentos de A guerra dos tronos.

Mulheres perigosas é um livro simplesmente imperdível, daqueles que você não consegue parar de ler. 
Prepare-se para todo o tipo de perigo e para perder o fôlego com essas mulheres mais que poderosas.



ATENÇÃO: A RESENHA CONTERÁ SPOILERS DO LIVRO E DOS UNIVERSOS DE ALGUNS CONTOS! 
ESTEJAM AVISADOS!


Continuando o Especial de Game Of Thrones, faltam 6 dias!!!

Na resenha de hoje, trago mais uma antologia EDITADA por George R. R. Martin, porém ao contrario de O Príncipe de Westeros e Outras Histórias, Mulheres Perigosas, nesta antologia temos apenas 3 contos que se passam em algum universo de algum dos autores que os escreveram.
A antologia contem ao todo 21 contos, são eles:

A PRINCESA E A RAINHA 

OBS: Tudo começou em 101 d. C. quando Viserys I Targaryen proclamou sua filha mais velha, Rhaenyra, como sua legítima herdeira quando morresse.

Neste conto de Georges R.R. Martin, passado no mundo de Gelo e Fogo, somos introduzidos a A Dança dos Dragões, terrível guerra que os Targaryen entraram entre si, e levando o resto do reino é claro, após a morte de Viserys I. 
Após a morte do rei, sua esposa, Alicent, convoca um concelho, nele, ela declara que NÃO irá proclamar Rhaenyra rainha como seu esposo queria, mas sim, seu filho com o rei, alguns se opuseram a essa ideia, mas com a morte de Lorde Beesbury, Mestre da Moeda, o resto não se opôs mas, e assim, A Dança tinha sua primeira gota de sangue.

Rhaenyra só foi descobrir da morte do pai dias depois disso, e assim se aconselhou também com alguns senhores em Ponta Tempestade.
Nesta reunião ficou tudo combinado sobre como iriam agir, primeiramente iriam atrás de juramentos, mesmo Rhaenyra e os negros (que foi como ficaram conhecidos esse 'Team') tendo mais dragões que os 'verdes' (o 'Team' do usurpador Aegon II e sua mãe Alicent).
Um dia depois, um cavaleiro da Guarda Real que havia fugido de Porto Real, chegou a Ponta Tempestade com a coroa que Jaehaerys, o Conciliador usava, e assim, Rhaenyra foi coroada Rainha dos Sete Reinos.

Apesar do primeiro derramamento de sangue ter sido o do Mestre das Moedas no concelho, A Dança só foi começar com a morte do filho de Rhaenyra, Lucerys, ou Luke.
Ele tinha ido à Ponta Tempestade para pegar a lealdade do Senhor da Tempestade, Borros Baratheon, mas um verde, seu primo Aemond montado em Vhagar, a mais velha dragoa, também tinham ido lá, e Borros jurou lealdade e fidelidade aos verdes.
Ao ir embora, Luke foi atacado pelo seu primo montado em Vhagar, e assim morreu, com a morte de seu filho, a guerra entre familiares começou.

Rhaenyra e os negros começaram a ganhar terreno e mais seguidores, vários senhores westerosi juraram lealdade à ela, e isso enfureceu o jovem usurpador, Aegon, fazendo com que em um momento de fúria, ele tirar o posto de Mão do Rei de seu avô e dar a Sor Criston, e isso foi uma decisão acertada (infelizmente), pois assim os 'Verdes' começaram a retaliar, e reconquistar terreno.
Os avanços dos verdes pararam quando chegaram em Pouso das Gralhas, pois o senhor de lá, Lorde Staunton foi avisado e fechou os portões do Castelo e ao ver seus campos sendo destruídos e plebeus mortos (os pobres sempre se dando mau, nada novo sob o sol), pediu ajuda a Rainha Rhaenyra, e a ajuda veio em carne, osso, fogo e sangue, pois a princesa Rhaenys, a Rainha que Nunca Foi, voo em sua linda dragoa de cor escarlate, Meleys, porém isso era uma armadilha, e o próprio jovem usurpador voo em seu dragão para batalha, mas será que os verdes irão ter mais uma derrota? E Rhaenys e sua dragoa, o que irá acontecer a Rainha que Nunca Foi? Para descobrirem terão que ler o conto.

Após essa batalha, os Negros, liderados por Jace - filho mais velho de Rhaenyra - foram a procura de 'Sementes' - como ficaram conhecidos os filhos bastardos Targaryen em Pedra do Dragão - para domarem alguns dragões selvagens que viviam nos arredores, pois assim ficariam mais fortes.
Mas será que irão conseguir tornar esse a dragões selvagens? E isso vai ajudar em algo?
Após o resultado dessa tentativa de tomar os dragões, os 'Negros' começam a sofrer muitas baixas (infelizmente na minha opinião) e com isso Rhaenyra fica enraivecida e resolve tentar conquistar Porto Real, mas será que Rhaenyra irá conseguir?
O que posso adiantar, é que com o tempo, muitas mortes aconteceram, e também traições e o destino de Rhaenyra fora traçado.
E com muitas mortes de dragões, ao ponto dessa magnífica espécie ter sido extinta (dizem por aí que há alguns sobreviventes que fugiram, mas deles não sabemos de nada), a Dança chegou ao fim em 130 d. C., mas com a morte de quem, terão que descobrir lendo o conto.


Os personagens, é claro que nesse quesito o conto ficou balanceado, pois não tem como eu não amar de cara Rhaenyra e odiar Alicent.

Rhaenyra não é uma pessoa maravilhosa, faz muita burrada, mas não tem como eu não gostar dela, afinal o 'partido' que tomei foi o dela, ela faz muita coisa que não aprovo, mas personagens bons são assim, são cinzas e não brancos!
Uma pena o destino que ela teve, queria MUITO que não tivesse acontecido isso com ela, mas fazer o que né, Martin sempre sendo Martin. 

Alicent, é uma desgraçada de mão cheia, não só sacaneou com a enteada, como começou uma guerra, destruindo muitas vidas, não só humanas.
Porém ela também é uma péssima esposa, deixou o corpo do marido quase apodrecer ao adiar sua cremação (os Targaryen eram cremados, não enterrados).
Resumindo, não tem como gostar desse verme insolente, odeio essa mulher com toda a minha força!

O conto também tem grande participação de MUITO outros personagens, mas só destaco mais 2, Netty e Daemon Targaryen.

Netty aparece bem pouco, mas desde que conheço a história dessa menininha, AMO ela.
Ela possivelmente é uma bastarda Targaryen que morou em Pedra do Dragão, e quando Rhaenyra estava precisando de mais dragões para lutar, Netty virou uma cavaleira do dragão, mas ela conseguiu o feito de um jeito inusitado, dando comida a um dos dragões que moravam nos arredores de Pedra do Dragão.
Depois de um triste incidente (mais uma das coisas que não apoio, mas que Rhaenyra fez), a menina fugiu com seu dragão e nunca mais ficamos sabendo sobre ela (eu apoio um spin off de GOT sobre ela).
Sobre Daemon, não tenho muito o que falar, pois já falei dele na resenha de O Príncipe de Westeros, mas tenho que falar que ele é realmente um fdp, mas que AMO demais, sou desses que amam um amor bandido. 

O conto e um misto de narração numa espécie de enciclopédia com falas, o que foi MUITO bom, pois foi bem decepcionante o que Martin fez em O Príncipe de Westeros. 
Apesar do conto ter muitas descrições, ele não se torna cansativo, e é de fácil leitura. 


Nota: 5/5 + fav

QUOTES

"A Dança dos Dragões é o nome romântico dado à selvagem disputa interna pelo Trono de Ferro de Westeros, travada entre dois ramos rivais da Casa Targaryen entre os anos de 129 e 131 d.C. Caracterizar os acontecimentos sinistros, turbulentos e sangrentos desse período como uma “dança” nos soa grotescamente inadequado. Sem dúvida, a frase é de autoria de algum cantor. “A Morte dos Dragões” seria muito mais adequado, mas a tradição e o tempo gravaram a versão mais poética nas páginas da história, então temos de dançar com o restante."

"– E amigos, homens honrados, que não se esquecerão dos juramentos que fizeram a ela e seu pai – declarou Lorde Beesbury. – Eu sou um homem velho, mas não tão velho a ponto de ficar sentado aqui submisso enquanto tipos como vocês conspiram para roubar sua coroa.
E, tendo dito isso, levantou-se para partir.
Mas Sor Criston Cole forçou Lorde Beesbury a se sentar novamente e cortou sua garganta com um punhal.
E assim, o primeiro sangue derramado na Dança dos Dragões pertencia a Lorde Lyman Beesbury, mestre da moeda e senhor tesoureiro dos Sete Reinos."

"– Minha irmã é a herdeira, não eu. Que tipo de irmão rouba o que é da irmã por direito de nascença?
Apenas quando Sor Criston o convenceu de que a Princesa iria executá-lo e aos irmãos caso recebesse a coroa, Aegon vacilou.
– Enquanto um Targaryen legítimo viver, nenhum Strong poderá ter esperanças de se sentar no Trono de Ferro – explicou Cole. – Rhaenyra não tem escolha a não ser cortar suas cabeças caso deseje que seus bastardos governem depois dela.
Foi isso, e apenas isso, que convenceu Aegon a aceitar a coroa que o pequeno conselho lhe oferecia." 

"As Irmãs Silenciosas foram enviadas para preparar o cadáver para cremação, e cavaleiros avançaram em cavalos brancos para dar a notícia ao povo de Porto Real, gritando: “O Rei Viserys morreu, vida longa ao Rei Aegon.” Ao ouvir os gritos, alguns choraram enquanto outros aplaudiram, mas a maioria das pessoas comuns permaneceu em silêncio, confusa e desconfiada, e de tempos em tempos uma voz gritava: 'Vida longa à nossa Rainha'."

"Seu primeiro ato como rainha foi declarar Sor Otto Hightower e a Rainha Alicent traidores e rebeldes.
– Quanto a meus meio-irmãos e minha doce irmã Helaena, eles foram desencaminhados pelos conselhos de homens malvados – anunciou. – Se vierem a Pedra do Dragão, se ajoelharem e pedirem meu perdão, eu alegremente pouparei suas vidas e os receberei de volta em meu coração, pois eles são meu próprio sangue, e nenhum homem ou mulher é mais amaldiçoado que aquele que mata os seus."

"Dragões não são cavalos. Eles não aceitam facilmente homens em suas costas e, quando enraivecidos ou ameaçados, atacam. Dezesseis homens perderam a vida tentando se tornar cavaleiros de dragões. O triplo desse número ficou queimado ou aleijado."

"Muitas sementes e outros ousados que aspiraram a montar nas costas de Sheepstealer acabaram na barriga dele.
No final, o dragão castanho foi submetido pela malícia e a persistência de uma “garotinha marrom” de 16 anos chamada Netty, que toda manhã levou a ele uma ovelha recém-abatida, até Sheepstealer aprender a aceitá-la e esperar por ela. Tinha cabelo preto, olhos castanhos, pele morena, era magra, dizia obscenidades, era imunda e destemida... A primeira e a última a montar o dragão Sheepstealer."

"– Bastardos são traiçoeiros por natureza – acusou ele. – Está no sangue deles. A traição é tão fácil para um bastardo quanto a lealdade para um homem legítimo,
– Melhor não correr riscos – sugeriu Sor Thorren. – Se o inimigo ganhar mais dois dragões, estaremos perdidos.
Apenas Lorde Corlys falou em defesa das sementes de dragão, declarando que Sor Addam e seu irmão Alyn eram verdadeiros Velaryon – merecidos herdeiros de Derivamarca.
Quanto à garota, embora pudesse ser suja e feiosa, lutara bravamente na Batalha da Goela.
– Assim como os dois traidores – retrucou Lorde Celtigar.
Os protestos apaixonados da Mão foram inúteis. Todos os medos e as desconfianças da rainha foram despertados. Ela via traição com tanta frequência, e de tantos, que acreditava rapidamente no pior de todos os homens. A traição já não tinha o poder de surpreendê-la. Ela passara a esperar por isso, mesmo daqueles que mais amava."

"Não foi registrado como o príncipe e sua garota bastarda passaram sua última noite sob o teto de Lorde Mooton, mas, quando o dia nasceu, eles apareceram juntos no pátio e o Príncipe Daemon ajudou Nettles a selar Sheepstealer uma última vez. Era hábito dela alimentá-lo todo dia antes de alçar voo; os dragões se curvavam mais facilmente à vontade do cavaleiro quando de barriga cheia. Suas rédeas estavam sujas de sangue quando ela montou no dragão, registrou Meistre Norren, e “suas faces estavam sujas de lágrimas”. Nenhuma palavra de despedida foi trocada entre homem e menina, mas quando Sheepstealer bateu suas asas coriáceas marrons e subiu para o céu matinal, Caraxes ergueu a cabeça e soltou um berro que partiu todas as janelas da Torre de Jonquil. Bem acima da cidade, Nettles virou seu dragão na direção da Baía dos Caranguejos e desapareceu na névoa da manhã, para nunca mais ser vista em corte ou castelo."

"– Eles vão matar os dragões – argumentou o Príncipe Joffrey, angustiado.
– Ou os dragões irão matá-los – replicou a mãe, sem se abalar. – Que eles queimem. O reino não sentirá falta deles.
– Mãe, e se eles matarem Tyraxes? – perguntou o jovem príncipe.
– Eles são a ralé. Bêbados, idiotas e ratos de esgoto. Uma prova da chama de dragão e sairão correndo.
– Bêbados eles podem ser, mas um homem bêbado não conhece o medo – completou o bobo da corte, Cogumelo. – Idiotas, sim, mas um idiota pode matar um rei. Ratos, isso também, mas mil ratos podem derrubar um urso. Eu vi isso acontecer uma vez, lá embaixo na Baixada das Pulgas."
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VIRGENS

Conto de Diana Gabaldon no universo de Outlander, o conto é antes do enredo que junta Claire e Jaime, casal protagonista da série, nele temos um Jaime mais novo no ano de 1740.
Após ser expulso da Escócia, Jaime, vai para a França e lá se junta a seu amigo Ian Murray, que está com alguns mercenários, eles têm a tarefa de levar uma carroça de mercadorias a um agiota judeu em Bordeaux.
No caminho, eles são atacados por alguém que aparentemente sabia a rota onde passariam e fica no ar como essa pessoa sabia isso.

Chegando em Bordeaux, eles entregam as mercadorias e já são contratados de novo, agora terão que levar Rebeka, neta de um médico judeu à Paris, pois ela vai se casar lá, e eles precisam levar a garota e seu dote.
De novo eles são atacados, e a jovem Rebekah acaba fugindo, mas poque a jovem fugiu? Bem não vou falar, só irei adiantar de que o motivo é bem óbvio, e também que quem passava as informações das rotas acaba se tornando uma revelação óbvia demais.


Bem, não tem como não gostar de Jaime (mesmo não aprovando tudo o que ele faz e muito menos o jeito bruto dele), afinal já conheço o personagem pela série Outlander.
Aqui ele ainda não é o Jaime que conhecemos no futuro quando Claire o conhece, ele é um Jaime mais ingênuo diga-se de passagem, apesar de já ter passado por certas provações horrorosas com Black Jack.
Porém o jeito meio bruto (que me irrita, mesmo sendo um homem do passado) e o jeito teimoso dele (mau de taurino) já está presente, ele também se mostra um cara bem engraçado, em várias partes ruim demais dele ou de alguma gracinha dele.

O ponto ter a presença de Ian foi uma grata surpresa, sempre quis ver mais do personagem, e ele participa ativamente da história.
Ele é um amor de personagem e foi muito bom ver mais dele e da amizade linda que ele e o jovem Fraser tem.
Foi bem legal já saber no conto, que ele já nutre uma paixão pela Jenny, irmã de Jaime, e a parte em que ambos falam disso é fofa demais.


Bem com a leitura do conto (e também de 4 livros da série) chego a conclusão que Diana não consegue escrever uma história sem o recurso de estupro e isso é triste demais, pois, PARA MIM, usar esse recurso demasiadamente prejudica demais uma história.

O conto é bom, com um leitura fácil de se ler, com um protagonista bom, mas com uma história geral ruim e um final clichê demais, tudo o que senti ao ler A Viajante do Tempo e A Libélula no Âmbar e me surpreender com essas leituras, não senti ao ler Virgens, mas para quem é fã da série (e principalmente ama demasiadamente Jaime Frase) vai amar o livro, porém, mesmo gostando de Jaime, não curti muito o conto.

Nota: 2/5

QUOTES

"Ian olhou para ele surpreso e Jamie lançou aquele olhar esperto de “eu fui à universidade em Paris e sei mais do que você”, certo de que Ian não bateria nele, vendo que estava dolorido.
Ian pareceu tentado, mas aprendera a simplesmente devolver a Jamie o olhar de “Sou mais velho que você, e sabe muito bem que não consegue se cuidar, então nem mesmo tente”. Jamie riu, se sentindo melhor."

"– Queue? – perguntou com uma sobrancelha erguida. – É como vocês chamam por aqui? 
Grande Georges deu um sorriso malicioso. – E como vocês chamam? Em sua língua?
– Bot – respondeu Ian, dando de ombros. Havia outras palavras, mas ele não jogaria uma como clipeachd neles.
– Na maioria dos casos, apenas cock – acrescentou Jamie, também dando de ombros.
– Ou penis, se quiser ser muito inglês – completou Ian.
– Ah – disse Jamie. – Penis não é sequer uma palavra inglesa, seu pequeno ignorante. É latim. E mesmo em latim ele não significa o companheiro mais íntimo de um homem; significa “cauda”.
Ian lançou a ele um longo olhar lento.
– Cauda, é mesmo? Então não consegue dizer a diferença entre seu pau e sua bunda e vai me pregar sobre latim?
Os homens rugiram. O rosto de Jamie ficou vermelho instantaneamente, e Ian riu e o empurrou com o ombro. Jamie bufou, mas deu uma cotovelada, e também riu, com relutância."

"Estava tentando encontrar seu pai.
A alma de Brian Fraser ainda devia existir, e ele tinha certeza de que o pai estava no céu. Mas devia haver alguma forma de alcançá-lo, senti-lo. Quando Jamie saíra de casa pela primeira vez, para ficar com Dougal em Beannachd, ficara solitário e com saudades de casa, mas o pai dissera que seria assim, e para não sofrer demais com isso.
'Pense em mim, Jamie, e em Jenny e Lallybroch. Você não nos verá, mas ainda assim estaremos aqui, pensando em você. Olhe para cima à noite, veja as estrelas, e saiba que também estaremos vendo.'"

"Ele abriu um pouco os olhos, mas as estrelas nadaram, seu brilho borrado. Apertou os olhos com força novamente e sentiu o deslizar quente de uma única lágrima por sua têmpora. Não podia pensar em Jenny. Ou em Lallybroch. Quando estava com Dougal, a saudade de casa passara. A estranheza quando foi para Paris diminuíra. Aquilo não iria parar, mas ele teria de continuar vivendo mesmo assim.
'Onde você está, pai?', pensou ele, angustiado. 'Pai, desculpe.'"

"– Você não precisa entrar, homem – falou para Ian. – Posso fazer isso sozinho.
A boca de Ian se retorceu, mas ele sacudiu a cabeça e se colocou ao lado de Jamie.
– Estou à sua direita, homem – respondeu.
 Jamie sorriu. Quando ele tinha 5 anos, o pai de Ian, o velho John, convencera o pai de Jamie a deixar o filho segurar uma espada com a mão esquerda, como estava acostumado a fazer. “E você, rapaz”, disse a Ian, muito sério, “é seu dever ficar à direita de seu senhor e proteger seu lado fraco”.
– Sim – comentou Jamie. – Então, vamos. 
E tocou a campainha."

"– Significa “paz” – disse Jamie. – O que ele me disse. O médico. “Shalom”.
Ian achou aquilo bom.
 – Sim. Mas a paz não é nosso negócio agora, é? Somos soldados. – Ele apontou com o queixo para o píer próximo, onde um paquete estava ancorado. – Ouvi dizer que o rei da Prússia precisa de alguns bons homens.
– Ele precisa – disse Jamie, e esticou os ombros. – Então,vamos."
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FORA DA LEI

O conto é sobre uma garota, Shy, ela é uma ladra que participou de um roubo a banco, porém seus 'colegas' de roubo a traíram e agora estão atrás dela, pois ela fugiu com o dinheiro roubado e o governo está dando uma recompensa a quem a pegar viva.
Será que Shy irá ser pega? Sobreviverá? Para isso terão que ler o conto.

A personagem principal é maravilhosa apesar de tudo, não teve como não gostar dela.
Durante o conto sabemos um pouco sobre sua vida, ela é muito do contra (me identifico) e apesar de ter seguido esse caminho ruim, se arrepende amargamente, pois só se deu mau ao seguir esse caminho.
Ela sente muito falta da família, apesar de não ter dado valor a eles quando estava com eles, e ter escolhido ir embora de casa.

A leitura do conto é bem simples e ele é bem pequeno, ele não faz parte de nenhum universo já existente.
A história é muito boa. 

Nota: 4/5

SEM QUOTES

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OU MEU CORAÇÃO ESTÁ PARTIDO

Neste conto acompanhamos a vida de Ferguson e sua esposa Lorie no momento mais difícil da vida deles, eles tiveram uma filha, Shelby, mas a criança acabou sendo sequestrada?! 
Bem tudo é muito confuso, os policiais acham que a mãe da menina fez algo à ela.
Lorie não se lembra de muita coisa do dia do desaparecimento de sua filha, incluindo o nome de uma mulher que sempre encontrava num café e que tinha pedido para olhar a criança, antes do desaparecimento, isso tudo faz com ela se passe por suspeita.
O esposo, Ferguson, não acredita que Lorie é capaz de algo, mas para descobrirem o que aconteceu com s pequena Shelby, terão que ler o conto escrito por Megan Abbott.

O conto é narrado por Ferguson que é um personagem legal, é um bom pai e marido e se preocupa demais com a filha.

A leitura é bem fácil, e rápida de ser lida, a história poderia ter sido boa, se eu tivesse sentido algo a mais ao ler o conto, mas não senti nada.

Nota 2/5

SEM QUOTES 

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A CANÇÃO DE NORA

Neste conto, acompanhamos a vida na corte de Henrique II, rei da Inglaterra, isso tudo pela perspetiva de sua filha Nora, e como em todos corte, a corte de Henrique II vive em intrigas, porém aqui temos intrigas entre o rei e a rainha.

Nora é uma personagem cativante, é uma menina sonhadora, que se mostra corajosa mesmo com pouca idade.

A história é interessante, mas do ponto de vista de uma criança, tudo fica limitado demais.
A autora Cecilia Holland é famosa por escrever ficção histórica e este conto é mais um deles.
O conto é pequeno demais, o que para mim prejudicou a narrativa, que poderia ser bem melhor.

Nota: 4/5

SEM QUOTES

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AS MÃOS QUE NÃO ESTÃO LÁ

Neste conto, escrito por Melinda M. Snodgrass, o universo é cheio de alienígenas e viagens intergalácticas, e os humanos são um desses povos e existem muitos postos avançados pelo espaço.

Tracy é um humano filho de um alfaiate que consegue uma bolsa na academia militar Liga Solar, ele é um dos melhores da sua turma, mas por ser de nascimento baixo não consegue um cargo bom quando se forma, e por isso vai afogar as mágoas num bar.
No bar ele conhece Rohan, e este estranho começa a contar uma estranha história sobre mestiços (seres de diferentes raças).
Tais mestiços foram criados pelos 'Cara' que acham que diversidade é o segredo da sobrevivência, porém eles são repudiados pelo humanos (como sempre, humanos cheio de preconceitos, nada novo sob o sol).
Rohan também conta sobre como começou a sair com uma dessas mestiças, Sammy, e que começou a gostar dela.
Mas será que o conto vai ficar só nisso? Bem é claro que não, não irei falar muito, mas o final do conto foi MUITO bom e interessante demais da conta.


Tracy é um personagem que não tem como não gostarmos, ele é pobre, mas se deu bem na vida ao entrar na academia militar Liga Solar, mas por ser pobre também se deu mau quando acabou os estudos e mesmo com notas altíssimas conseguiu um cargo ruim e isso nos faz gostar ainda mais do personagem.
Ele também é ingênuo, ao ponto de não acreditar muito na chacina aos mestiços que os humanos da Liga fizeram tempos atrás.
Ele pensa em deserdar, por pensar que não conseguiria atacar ordens dos riquinhos, mas será que ele irá deserdar?

O conto, também tem como protagonista, Rohan, ele é um sujeito difícil de descrever, ele foi obrigado a casar, e não nutre amor algum pela esposa, ela também não, e ambos traem um ao outro, o que já faz com que eu não curte muito o personagem, mas apesar de tudo, eu senti pena dele, por viver essa vida, e também porque depois de tudo, ele se fode.
E apesar dele ser o típico homem que traí, consegui gostar dele.

O conto possuí uma história cativante demais, de longe a melhor até agora (tirando a do conto de Martin).
Ele começa como uma simples história de amor, mas se torna um algo a mais.
Mostra várias verdades tristes sobre os humanos, ao colocar eles como preconceituosos com o diferente, e também ao mostrar o quanto o mundo é machista, mesmo que na história tenha se passado tanto tempo, nada mudou para as mulheres.
O conto é pequeno demais, e aqui isso não prejudicou a narrativa, na verdade ajudou, ao deixar ele com um gostinho de quero mais na boca. Tudo que é contado no conto é acabado no mesmo, nada fica em aberto, mesmo com as poucas páginas.!

Nota: 5/5 + fav

QUOTES
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EXPLOSIVAS

Molly está tentando seguir a vida após ter pedido seu amigo e mentor, Harry, que era um mago, ela era sua aprendiz, porém ainda não é uma maga e nem tem certificado para trabalhar como, por isso tem que se virar para arrumar uns bicos.

Em um belo dia, Molly é visitada por Justine, namorada de Thomas, vampiro amigo de Harry, ele está sumido e por isso a moça pede ajuda a aprendiz.
Ao ir atrás de Thomas ela se vê envolvida num emaranhado muito mais perigoso do que aparentemente pensava, ele foi pego pelos Svartalves, seres mágicos noruegueses.
Molly, e suas amigas Justine e Andi (uma lobisomem) se infiltram numa festa dos Svartalves para tentar resgatar o vampiro, mas será que irão conseguir? Só adianto isso, um segredo obscuro é descoberto por Molly e uma grande reviravolta acontece.

Os personagens, são ótimos, Molly é maravilhosa demais, amei muito ela, e Andi, a lobisomem é muito engraçada.

A leitura do conto é bem simples e rápida.
Ele possui uma história que faz parte da série Dresden Files de Jim Butcher, sendo continuação do livro Changes, o conto é protagonizado pela aprendiz de Harry, Molly, mas nem por isso é impossível entendermos a trama, tudo que precisamos saber ou é explicado no texto introdutório ou no próprio conto.
A história contém magos, fadas, lobisomens, vampiros e várias outras criaturas sobrenaturais, também tem seres mitológicos, como os Svartalves, isso tudo numa Chicago nos dias atuais.
Amei demais o conto e fiquei MUITO curioso para ler os livros da série, mesmo sabendo de algumas coisas que acontecem neles por causa do conto, porém desconheço se a série foi lançada no Brasil.

Nota: 5/5 + fav

QUOTES

"Quando você entende de magia, as pessoas sempre imaginam que qualquer coisa que você faça deve ter uma ligação com isso. Harry sempre achou isso engraçado. Para ele, a magia era apenas mais um conjunto de ferramentas que a mente podia usar para solucionar problemas. A mente era a parte mais importante dessa equação."

"Por um segundo, os dedos da minha mão direita tremeram, e senti a parte feia de mim prestes a lançar poder sobre a outra mulher, cegá-la, deixá-la surda, afogá-la em vertigem. Lea me mostrara como. Mas controlei a ânsia de atacar.
– Andi.
– Sim?
– Não bata em mim novamente a não ser que pretenda me matar.
Não disse isso como uma ameaça, exatamente. Era apenas porque eu tendia a reagir por instinto quando as coisas começavam a ficar violentas. A turbulência psíquica desse tipo de conflito não me fazia tombar gritando de dor, mas tornava difícil pensar com clareza em meio ao rugido furioso da minha versão malvada. Se Andi me batesse de novo daquele jeito... Bem, eu não estava certa de como iria reagir.
Não sou insana como o Chapeleiro Maluco. Estou bastante certa. Mas estudar sobrevivência com alguém como tia Lea deixa você pronto para se proteger, não para jogar limpo com os outros.
Ameaça ou não, Andi estava acostumada a confronto, e não recuou.
– Se eu não achar que você precisa de um bom tapa na cara, não darei um."

"– Claro que vai – falei calmamente. – Você já esteve em boates, Justine. Nós três juntas furaríamos a fila em qualquer lugar da cidade. Somos um conjunto combinado de gostosas.
 – Como as garotas de Robert Palmer – comentou Andi secamente.
– Eu tinha pensado nas Panteras – falei."

"– Então, qual é nossa próxima jogada? – quis saber Andi.
Por que as pessoas insistem em me perguntar isso? Todos os magos têm de passar por isso? Eu fiz essa pergunta a Harry uma centena de vezes, mas nunca me dei conta de como era duro ouvi-la. Mas Harry sempre sabia o que fazer. Tudo o que eu fazia era improvisar desesperadamente e torcer pelo melhor."

"Dei um risinho nervoso.
– Ei, Andi. Fio azul ou fio vermelho?
O pé de um gola rulê abriu um buraco na porta, e Andi virou a cabeça para me lançar um olhar incrédulo.
– Você está de sacanagem, comigo? – gritou ela. – Azul, você sempre corta o azul!"

"– Como sabia que eu iria descobrir?
– Não sabia. Mas conheço seu mentor. No que diz respeito a interferir, desenterrar verdades constrangedoras, ele a ensinou muito bem – confessou, e sorriu. – Você também aprendeu a aptidão dele de pegar situações ordeiras e reduzi-las ao caos elementar.
– Significando o quê?
– Significando que eu tinha confiança de que o que quer que acontecesse, não incluiria uma conclusão serena do tratado.
– Mas você poderia ter feito tudo o que fiz.
– Não, criança. Os svartalves nunca teriam me convidado para a recepção. Eles adoram elegância e ordem. Teriam sabido que meus objetivos não eram ordeiros.
– E eles não sabiam isso sobre mim?
– Eles não podem julgar os outros a não ser por seus atos. Daí seu tratado com os fomor, que ainda não tinham atravessado seu caminho. Meus atos mostraram que eu sou alguém que deve ser tratada com cautela. Você tinha... um registro limpo com eles. E você é um tesão. Tudo está bem, sua cidade foi salva, e agora um grupo de seres ricos, habilidosos e influentes lhe deve um favor.
Ela fez uma breve pausa e depois se inclinou levemente na minha direção.
– Talvez uma expressão de gratidão seja adequada.
– De mim para com você? Pelo quê?
– Acho que sua noite acabou muito bem – comentou Lea com as sobrancelhas erguidas. – Mas, por Deus, você é uma criança difícil. Nunca saberei como ele consegue suportar a sua insolência. Você acha que merece alguma recompensa de mim."
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RAISA STEPANOVA

O conto é sobre Raisa, uma jovem russa que é pilota da USSS na Segunda Guerra Mundial.
Acompanhamos a vida dela no exército, nas missões como pilota e escrevendo cartas ao seu irmão, David.

Raisa, é muito amiga de Inna, sua companheira de voo (que é uma pilota em outro avião, mas que voa junto com ela sempre).
As duas vivem altas (sem trocadilho) aventuras como pilotas, derrotando vários aviões alemães.

Num ponto da história, David some, isso é muito pior do que ele morrer, mas porque? Nesta época, Stálin, proclamou que todos os soldados que sumiram eram traidores, para ele não existia prisioneiros de guerras, e o irmão por ter sumido, pode ser considerado um traidor e sua família ser prejudicada por isso (essa lei infelizmente foi verdadeira).
Mas será David um traidor? O que aconteceu à ele? Muitas perguntas que serão respondidas ao ler o conto.


A personagem principal, Raisa é maravilhosa demais, guerreira, ela lutou com unhas e dentes pelo que queria, que era se tornar piloto na Segunda Guerra Mundial, não se importando com o preconceito dos seus colegas de turma e ainda sendo melhor que eles em tudo.
Sonhadora, quer se tornar uma heroína de guerra e dar orgulho à sua família, as será que irá conseguir?

De outros personagens, só destaco, Inna.
Inna, amiga de Raisa, também é uma garota e pilota, super feliz e transmite essa felicidade à Raisa em vários momentos.


O conto é bem simples e pequeno (25 páginas, um dos menores), mas possuiu de longe um das melhores histórias do livro, temos de tudo nesse conto, uma heroína forte, corajosa e maravilhosa e que luta pelo o que quer não se importando com a opinião dos machos ao redor, guerras e algumas batalhas em aviões, e o melhor de tudo, uma verdadeira aula de história sobre essa época triste, que foi a Segunda Guerra Mundial.
Mesmo sendo pequeno, o conto não deixa nada a desejar, e termina muito bom.

Nota: 5/5 + fav

QUOTES

"Meu querido Davidya:
Se você está lendo isto, significa que eu morri. É bem provável que tenha morrido lutando a serviço da pátria gloriosa. Pelo menos é o que eu espero. Tenho esse terrível pesadelo em que sou morta não no ar combatendo os fascistas, mas porque uma lâmina da hélice cai no instante em que estou passando embaixo do nariz do meu Yak e decepa minha cabeça. As pessoas se esforçariam muito para fingir ficar de luto, mas estariam rindo pelas minhas costas. Minhas costas mortas, então eu não notaria, mas ainda assim, o importante é o princípio da coisa. Certamente nada de Herói da União Soviética para mim, não é? Não importa, vamos supor que eu morri gloriosamente em batalha.
Por favor, diga as coisas de hábito para meus pais, que eu estou feliz de dar minha vida para defender você e eles, Nina e a pátria, como todos estamos, e que se eu tive de morrer, fiquei muito feliz de que foi enquanto estava voando. Então, não fique triste por mim. Eu te amo.
Sinceramente, Raisa."

"Liliia pintou flores no nariz do seu caça e, em vez de debochar dela, todos acharam que era muito fofa.
E agora era um ás. Raisa encarou.
– Cinco abates. Sério?
– Incontestável! Ela teve testemunhas; a notícia está correndo. Isso não é maravilhoso?
Era maravilhoso, e Raisa se esforçou para dissimular, sorrindo, fazendo um brinde a Liliia e xingando os fascistas."

"Ela e Pavel costumavam trocar informações. Ela repassava as fofocas da linha de voo e ele transmitia qualquer notícia que tivesse recebido dos outros regimentos. Ele tinha as informações mais confiáveis da frente de batalha. Mais confiáveis até do que iriam receber de seu comando, pois os relatos oficiais que chegavam eram filtrados, modificados e manipulados até que dissessem o que os figurões queriam que pessoas como ela soubessem. Batalhões inteiros foram eliminados e ninguém sabia, porque os generais não queriam abalar o moral, ou algum outro absurdo."

"– O que foi? – perguntou ela, encarando-o, porque só poderia ser uma notícia ruim. Muito ruim, para que a procurasse. Ela pensou em David, claro. Tinha de ser sobre David.
– Raisa Ivanovna. Eu tenho notícias... sobre seu irmão
...
– Diga – falou, e sua voz não vacilou.
– O esquadrão dele entrou em combate. Ele... ele desapareceu em ação
...
– Raisa... Você está bem?
– Desaparecido – repetiu. A informação e o que isso significava começaram a ficar claros.
– Sim – respondeu o operador de rádio, o tom se tornando desesperado.
– Mas isso... Nem sei o que dizer.
– Lamento, Raisa. Não vou contar a Gridnev. Não vou contar a ninguém até que chegue a notícia oficial. Talvez seu irmão apareça antes disso, e então não significará nada..."

"O camarada Stálin dera a ordem logo depois do início da guerra: “Não temos prisioneiros de guerra, apenas traidores da pátria.” Prisioneiros eram colaboradores, porque se fossem verdadeiros patriotas teriam morrido em vez de ser apanhados. Da mesma forma, soldados desaparecidos em combate eram considerados desertores. Se David de algum modo não reaparecesse no exército soviético, seria declarado traidor e sua família iria sofrer. Seus pais e sua irmã menor não receberiam rações nem ajuda. A própria Raisa seria no mínimo impedida de voar. Todos sofreriam, embora David estivesse caído morto no fundo de um pântano em algum lugar."

"Raisa foi colocada no regimento de caças, e pela primeira vez conheceu garotas como ela que entraram para o clube de aviação local, que tiveram de lutar pelo privilégio de aprender a voar. Em seu clube, Raisa fora a única garota. No início, os garotos não a levaram a sério, riram quando ela apareceu querendo fazer as aulas para conseguir a licença. Mas ela continuou a ir a todas as sessões, todos os encontros e todas as aulas. Eles tiveram de deixar que entrasse. Verdade seja dita, não a levaram a sério nem mesmo depois de ter feito voo solo e se saído melhor que qualquer deles na prova de navegação. Ela nunca disse em voz alta, mas o que a deixava furiosa era a hipocrisia de tudo. A grande experiência soviética com seus nobres princípios igualitários, que deveria levar a igualdade a todos, mesmo entre homens e mulheres, e ali estavam os garotos lhe dizendo para ir para casa, trabalhar numa fábrica com as outras mulheres, se casar e ter filhos, pois era o que as mulheres deveriam fazer. Elas não deveriam voar. Elas não podiam voar. Ela teve de provar várias vezes que estavam errados."

"Graças a Marina Raskova, que provou tanto por todas elas. Quando ela morreu – um acidente idiota em tempo ruim, pelo que Raisa ouvira –, as mulheres pilotos tiveram medo de ser dispensadas e enviadas para fábricas, para construir os aviões que deveriam estar pilotando. Raskova e suas ligações com os mais altos escalões – o próprio Stálin – eram o que mantinha as mulheres voando na frente de batalha. Mas aparentemente as mulheres tinham provado seu valor e não foram dispensadas. Continuaram pilotando e combatendo. Raisa prendeu na parede do abrigo uma fotografia de Raskova tirada de um jornal. A maioria das mulheres parava ali de vez em quando, dando um sorriso, ou às vezes em luto silencioso. Mais pilotos mortos tinham feito fila atrás dela desde então."

"– Difícil pensar em flerte quando estão bombardeando e atirando em você.
– Depois da guerra poderemos nos arrumar. Lavar os cabelos com sabonete de verdade e ir dançar.
– Depois da guerra. Sim – concordou Inna.
– Depois de vencermos a guerra – corrigiu Raisa. – Não haverá muita dança se os fascistas vencerem.
Elas ficaram em silêncio, e Raisa lamentou ter dito qualquer coisa. Era a suposição não dita quando as pessoas falavam sobre “depois da guerra”: claro que eles venceriam. Se perdessem não haveria nenhum “depois”. Não que Raisa esperasse chegar tão longe."

"Davidya:
Decidi que desistiria de ser um ás de caça se isso significasse que poderíamos sair vivos da guerra. Não conte a ninguém que disse isso; eu perderia minha reputação de ser feroz e de ter uma inveja hedionda de Liliia Litviak. Se há um Deus talvez ele me escute, e você sairá andando da floresta, vivo e bem. Não morto, e não um traidor. Iremos para casa, mamãe, papai e Nina estarão bem e poderemos esquecer que tudo isso aconteceu. Agora esse é o meu sonho.
Ainda tenho aquela carta, a grotesca que escrevi para você caso morra. Eu deveria queimar, já que Inna agora não tem ninguém para quem mandar.
Sua irmã, Raisa."

"– Vai me escrever?
– Claro. O tempo todo. Vou manter você atualizada com todas as fofocas.
– Sim, quero saber quantos aviões Liliia Litviak derruba.
– Ela irá ganhar a guerra sozinha.
Não, em alguns meses Raisa iria ler no jornal que Liliia fora declarada desaparecida em combate, derrubada sobre território inimigo, avião e corpo não recuperados. A primeira piloto ás da história e seria declarada desertora em vez de heroína. Mas elas não sabiam disso naquele momento."
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LUTANDO COM JESUS

Marvin é um garoto de 17 anos que se vê obrigado a mudar de bairro após seu pai morrer, por sua mãe não ter uma condição melhor, eles se mudam para um bairro mais pobre, e assim, o garoto começa ser perseguido por valentões, porém ele é salvo por um estranho velho.

Após salvar Marvin duas vezes dos mesmos valentões, o velho, começa a treinar o garoto para ele saber se defender.
O velho não faz isso por bondade e sim porque ele era lutador e de 5 em 5 anos luta com um dos seus antigos adversários, Jesus, e esse ano é o ano da luta, e treinando o moleque ele também irá se treinar.

Com os treinamentos, descobrimos sobre o passado do velho, ele tinha o título de X-Man, e também descobrimos o porque dessa luta com Jesus.

É no passado que a 'Mulher Perigosa' do conto aparece, Felina, uma jovem que 'enfeitiçou' Jesus e o velho, por isso eles sempre lutam.

Será que Marvin irá aprender a lutar e assim se proteger dos valentões? E o velho, vai ganhar de Jesus? Será Felina uma bruxa de verdade? Para descobrir isso tudo, leiam o conto.


Marvin é um protagonista ótimo, e ele o velho formam uma bela dubla e se ajudam muito.


O conto é interessante, mas nada demais, existe melhores nessa antologia.

Nota: 2/5

SEM QUOTES

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VIZINHOS

Neste conto, acompanhamos a vida solitária de Sarah, uma senhora que vive sozinha, pois seus filhos não moram com ela.
Tudo parece normal né? Mas tudo muda em uma madruga, pois una vizinha, Linda, aparece em sua casa a chamando para ir embora, a pobre senhora tem Alzheimer, e quando Sarah vai telefonar para seu filho (o da senhora) Linda some.
Sarah pensa que ela pode ter voltado para casa, mas na manhã seguinte descobre que sua amiga e vizinha sumiu.
O que será que aconteceu a Linda?

Coisas estranhas começam a acontecer com Sarah, objetos sumindo, pessoas aparecendo uma hora e na outra não tendo ninguém à vista, tudo muito estranho.
O que será isso? O que está acontecendo com Sarah?

Enquanto isso tudo acontece, a situação entre Sarah e seus filhos pioram, eles acham que ela no tem mais condições de viver sozinha e querem levar ela para um abrigo para idoso, mas ela mão quer isso.
O que será que irá acontecer? Será que ela no final vai aceitar isso? Perguntas demais, que serão respondidas ao ler o conto.

Sarah, a protagonista é maravilhosa, gostei dela de cara e não vou mentir, chorei em vários momentos por sua causa.
Ela apesar da idade, é forte, e bastante teimosa, o que aqui é bom. 


A leitura do conto é bem simples, com uma história muito cativante, em algumas partes ela é louca e surreal demais, mas é isso que dá graça ao conto.
Ele foi um dos únicos contos que me deixou com o coração na mão ao ler, de tanta preocupação pela protagonista, e também um dos poucos que me fez chorar ao tratar não só da velhice (fiquei de cara com o jeito que os filhos da Sarah a trataram, e ainda mais triste por saber que isso acontece de verdade), como também de umas das piores doenças, o Alzheimer.
O final foi louco demais, não tem outra palavra para descrever ele, ele nos trouxe um grande exclamação do que pode ter acontecido, pois a autora não deixa claro, o que é bom, pois nos faz pensar em várias teorias.

Nota: 5/5 + fav

QUOTES

"– Não, Sarah. Você vem comigo! Magia é melhor que loucura. E o tempo é a única diferença entre magia e loucura. Fique aqui e você é louca. Venha comigo e você é magia. Veja!
Ela fez algo, a mão mexendo no peito. Então, ela se acendeu.
– Energia solar! Essa é a minha passagem para o futuro!
Pelos minúsculos LEDs, Sarah reconheceu o que Linda estava vestindo. Ela se enrolara em luzes de Natal. Os pequenos painéis solares que as carregavam estavam presos em seu gorro."

"– O tempo e a maré não esperam por homem algum, Sarah! Estou partindo para buscar minha sorte.  Última chance! Você virá comigo?"

"Quando ninguém estava olhando, ela lhe dava goles de café. Richard não podia mais tomar líquidos. Tudo o que comia era em forma de purê, e todas as suas bebidas, até mesmo a água, eram engrossadas para que não aspirasse. Esse era um dos problemas do Alzheimer. Os músculos da deglutição no fundo da garganta enfraqueciam, ou as pessoas se esqueciam de como usá-los. Então, as ordens médicas para Richard eram que não podia mais tomar café. Ela desafiava isso. Ele perdera seus livros, seu cachimbo e não podia mais andar por conta própria. Seu café era o último pequeno prazer na vida, e ela se aferrara a isso em benefício dele. Toda semana levava um copo para ele e o ajudava a beber às escondidas enquanto ainda estava quente. Ele adorava isso. O café sempre garantia um sorriso da criatura que tinha sido seu grande irmão forte."

"O desaparecimento de Linda estava no Tacoma News Tribune do dia seguinte. Sarah leu a matéria.
 Haviam usado uma foto antiga, uma mulher calma e competente num paletó com ombreiras. Ficou pensando se teria sido por não terem fotos de uma velha desgrenhada. Mas ninguém tinha fotos do sorriso que ela dera ao virar sua mangueira de jardim para os gêmeos Thompson de 10 anos, que tinham atacado seu gato com pistolas de água. A foto não teria registrado seus risos abafados quando ligara para Sarah às duas horas da manhã e ambas foram esvaziar os pneus de todos os carros estacionados diante da casa de Marty Sobin quando sua filha adolescente dera uma festa com álcool enquanto Marty estava fora da cidade. “Agora eles não podem dirigir bêbados”, sussurrara Linda com satisfação. A Linda dos velhos tempos. Sarah se lembrava de como ela ficara de pé na rua, pés fincados, dentes trincados, e forçara Marsha Bates a parar cantando pneus com o Jeep do pai. 'Você está dirigindo rápido demais para este bairro. Da próxima vez, vou contar aos seus pais e à polícia'"

"Aquela Linda recebera a vizinhança para churrascos de Quatro de Julho, e sua casa era onde os adolescentes se reuniam espontaneamente. Suas luzes de Natal sempre eram as primeiras a acender e as últimas a se apagar, e suas abóboras de Halloween eram as maiores da rua. Aquela Linda sabia como ligar um gerador para as luzes externas do piquenique de futebol. Depois da grande tempestade de neve de doze anos antes, ela pegara sua motosserra e cortara a árvore, que caíra sobre a rua, quando a cidade disse que não poderia mandar ninguém antes de três dias. Russ abrira a janela e gritara: “Fique de olho, pessoal! Norueguesa maluca com uma motosserra!”, e todos deram gargalhadas orgulhosas. Muito orgulhosos de poder cuidar de si mesmos. Mas aquela Linda e a velha excêntrica que ela tinha se tornado desapareceram."

"Quando Sarah acordava de madrugada às duas, três horas ou 4h15, a culpa a mantinha acordada até o amanhecer. Era horrível estar acordada antes de o jornal ser entregue e antes de ser hora de preparar o café. Ela se sentava à mesa e olhava para a lua cheia do equinócio. 'Meninos e meninas, saiam para brincar', sussurrava para si mesma. "

"Ela se sentou à mesa da cozinha, olhou para a rua e chorou durante duas horas. Chorou por sua cabeça que estava se perdendo, chorou por Sarge ter ido embora, chorou por uma vida que saía de seu controle.
 Chorou por estar sozinha num mundo estranho. Tirou da lata de reciclagem os panfletos das moradias especiais e chorou quando leu sobre a ala de Alzheimer com alarme nas portas.
– Tudo menos isso, Deus – suplicou a Ele, e então pensou nos comprimidos para dormir que o médico oferecera na época da morte de Russ. Nunca usara a receita. Procurou por ela na bolsa. Não estava lá."

"Aquele foi o dia em que se desligou totalmente do tempo. Sem Sarge pedindo que acordasse às seis e o alimentasse, que diferença fazia a que horas levantasse, quando cozinhasse ou recolhesse as folhas? O jornal sempre esperaria por ela. A Safeway nunca fechava, e ela nunca sabia quais dias lhe revelariam uma agradável tarde de outono num bairro silencioso e quais revelariam um mundo nublado de casas dilapidadas e carros enferrujados. Por que não fazer compras uma da manhã ou ler as notícias do dia só às oito da noite comendo um jantar de micro-ondas? O tempo não tinha mais importância."

"Esperara ver a menininha voltar e encontrar os presentes. Não viu, mas da vez seguinte em que a neblina rodopiou, viu que os tesouros tinham sumido.
– Ela os encontrou – parabenizou a si mesma, e planejou mais surpresas.
Coisas simples. Um saco de damascos secos. Biscoitos de aveia com chocolate em um tubo de plástico duro. Por sobre a cerca e dentro da neblina. Aqueles ela viu a garota encontrar, e a expressão no rosto dela ao abrir a caixa foi inestimável. As noites ficaram mais frias, com ameaça de neve. Estaria frio naquele outro mundo? Onde a criança dormia? Ela se metia nos arbustos ou se escondia em uma das casas abandonadas?"

"Quando visitou Richard, ele estava usando seu gorro verde na cama. Contou sobre a garotinha, sobre as maçãs e as luvas. Ele deu sua risada velha, depois tossiu até ficar vermelho. A enfermeira apareceu e, quando olhou desconfiada para o café, Sarah sorriu e tomou o resto dele.
– Você é uma senhora gentil – falou Richard quando ela saía. – Você lembra minha irmã."

"– Mãe, precisamos esvaziar a casa e colocá-la no mercado. Você pode ficar comigo, ou talvez Sandy possa arrumar um espaço para você. Até conseguirmos encontrar um lugar de moradia assistida para você.
Um lugar. Não até conseguirmos encontrar um apartamento. Lugar. Como colocar algo numa prateleira."
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EU SEI ESCOLHÊ-LAS

O conto é sobre um cara sem nome, que conhece uma mulher num bar, eles saem juntos para transar, porém a mulher planejou algo mais obscuro do que só sexo, não vou falar o que, mas digo isso: FOI BEM ÓBVIO E SEM GRAÇA!!!

O protagonista é bem sem graça, não tenho o seu falar dele a não ser isso.

O conto é pequeno, o foi uma benção, pois ele é sem graça demais, o pior conto da antologia, com uma história sem graça, personagens sem graça e um final óbvio (pelo menos para mim).

Nota: 0 (SIM MINHA GENTE, ZERO)
SEM QUOTES

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SOMBRAS NAS FLORESTAS DO INFERNO

Silêncio é dona de uma pousada em Florestas, ela tinha uma vida tranquila até um belo dia ter reconhecido um dos criminosos mais perigosos, Chesterton, em sua pousada, com isso ela resolve matar ele e ficar com a recompensa.
Para isso, Silêncio terá que se arriscar profundamente nas matas da Florestas e o lugar não é muito bom, pois ele é infestado pelas terríveis Sombras.
Ela leva sua filha, William Ann, para a ajudar, mas será que as duas irão conseguir matar Chesterton e sua gangue? E isso sem chamar a atenção das Sombras?

Enquanto isso, a situação para Silêncio piora, pois uma ordem de confisco de sua propriedade chega do Forte, ou ela paga o que deve ao fiscal Theopolis ou vende sua pousada e fica servindo de escrava a Theo pelo resto de sua vida.
Será que ela conseguirá pagar esse traste? E isso sem prejudicar sua pousada?
Para essas e outras perguntas leiam o conto, mas já vou adiantando, o final do conto é surpreendente demais, e mesmo sendo um final feliz (para alguns personagens) gostei muito dele.


As personagens são MARAVILHOSAS, Silêncio a protagonista é uma p* personagem, de longe uma das melhores protagonistas dos contos de Mulheres Perigosas.
Ela teve uma infância muito sofrida por conta do treinamento que sua avó deu a ela para lutar contra as Sombras, mas isso só a fortaleceu.
Ela é uma mulher durona, e muito inteligente, arruma um jeito muito foda de conseguir mais dinheiro, porém não irei espalhar como.

Também temos as filhas de Silêncio, William Ann e Sebruki, sendo a primeira sua filha biológica, e a segunda uma garotinha que sofreu um terrível acidente e que foi 'adotada' por Silêncio, as duas são personagens ótimas.

Também temos a breve participação de Daggon, um cara que vive contando histórias sobre a Raposa Branca, um terrível assassino que aterroriza os arredores da Florestas.
Ele acha Silêncio uma mulher bonita e interessante, e tenta flertar com ela, mas Silêncio é durona e mão dá muita ideia, mas será que o galanteador irá conquistar o coração de Silêncio?
Ele aparece bem pouco, mas não vou mentir, gostei dele e queria que ele aparecesse mais.


A história é muito boa, sério, que história magnífica Brandon criou neste conto.
O mundo que ele criou é magnífico, nele temos as terríveis Sombras, que são seres que são atraídos por derramamento de sangue (um sangramento normal não os atrai, para atraí-los tem que matar alguém, e só a um jeito de se protegerem dele, usando prata).
Sabemos também que as Sombras podem ser humanos que foram tocados por muito tempo por outras Sombras e que se não tratarem dos locais (se for no corpo todo) tocados, eles se transformam em Sombras.
A narrativa é maravilhosa e super fluida, Brandon Sanderson escreve muito bem, não tinha lido nada do autor, mas fiquei com mais vontade ainda de ler mais obras desse autor que fez esse conto maravilhoso.

Nota 5/5 + fav

QUOTES

"– O Raposa Branca não teme sombras – disse Daggon, se inclinando para a frente. – Agora, veja bem, eu não acho que ele se arriscaria a entrar aqui; mas não por causa de alguma sombra. Todos sabem que este território é neutro. Você precisa ter alguns lugares seguros, mesmo nas Florestas. Mas...
Daggon sorriu para Silêncio quando ela passou por ele novamente a caminho da cozinha. Dessa vez, ela não franziu o cenho. Ele estava vencendo as barreiras dela.
– Mas? – guinchou Sincero.
– Bem... – continuou Daggon. – Eu poderia lhe contar algumas coisas sobre como o Raposa Branca pega os homens, mas veja, minha cerveja está quase vazia. Uma vergonha. Acho que você estaria muito interessado em como o Raposa Branca apanhou o Pacificador Hapshire. Uma grande história, essa.
Sincero guinchou para que Silêncio trouxesse outra cerveja, embora ela tivesse entrado na cozinha sem ouvir. Daggon franziu o cenho, mas Sincero colocou uma moeda na lateral da mesa, indicando que gostaria de outra dose quando Silêncio ou a filha voltassem. Isso bastaria. Daggon sorriu consigo mesmo e começou a contar a história."

"Aos 14 anos, a garota já era mais alta que a mãe. Uma bela coisa pela qual sofrer, uma filha mais alta que você. Embora William Ann resmungasse de ser desajeitada e comprida, sua constituição esguia antecipava uma beleza futura. Ela puxou ao pai."

"– Querida Silêncio. Sangue Forescout, teimosa até o último suspiro. Dizem que os seus avós foram os primeiros de todos. As primeiras pessoas pioneiras neste continente, as primeiras a ocupar as Florestas...
As primeiras a reivindicar o próprio inferno."

"Aquelas árvores solenes cobriam quase todo centímetro daquele continente, as folhas projetando sombras no solo. Imóveis. Silenciosas. Animais viviam ali, mas pesquisadores do forte declararam que não havia predadores. As sombras os apanharam muito tempo atrás, atraídas pelo derramamento de sangue."

"Olhar para as Florestas parecia fazer com que elas... recuassem. A escuridão de suas profundezas diminuía, a imobilidade dava lugar ao som de roedores revirando folhas caídas. Um Forescout sabia olhar para as Florestas diretamente. Um Forescout sabia que os pesquisadores estavam errados. Havia um predador lá. A própria Floresta era um."

"A luz verde também revelava o rosto de William Ann, e Silêncio ficou chocada de ver na expressão da garota não medo, mas uma raiva intensa. Ela aprendera rapidamente a ser uma irmã mais velha protetora para Sebruki. Ela, afinal, estava pronta para matar."

"Silêncio ergueu os olhos, tensa, observando os outros homens enquanto William Ann apertava o saco. As sombras próximas pararam, mas aquilo não chamou tanto a atenção delas quanto o estrangulamento."

"Elas passaram para o homem seguinte na fila. Era um trabalho brutal, como abater animais. Ajudava pensar naqueles homens como selvagens, como dissera a William Ann mais cedo. Não ajudava pensar no que os homens fizeram a Sebruki. Isso a deixaria com raiva, e ela não podia se permitir sentir raiva. Precisava ser fria, silenciosa e eficiente."

"O sangue era o mais perigoso. Correr atraía sombras, mas lentamente. O fogo as enfurecia imediatamente, mas também as cegava e confundia.
Sangue, porém... Sangue derramado com raiva, exposto ao ar livre... Uma só gota podia fazer com que as sombras os matassem, e depois tudo mais pela frente."

"– Você matou meus homens – rosnou Red. – Eles estão mortos, todos eles. Deus, se eu não tivesse rolado para dentro do buraco... Eu tive de escutar aquilo. Escutar enquanto eles eram massacrados!
– Você foi o único inteligente. Não teria conseguido salvá-los, Red."
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UMA RAINHA NO EXÍLIO

O conto é sobre Constance, princesa siciliana, que se casou com Heinrich, rei da Alemanha.
Após 4 anos de casados, William, seu sobrinho morre, e por não ter herdeiros, deixa o trono para Constance, os sicilianos não querem um alemão no trono e por isso se revoltam e coroa Tancredo, um bastardo, como rei.
Depois de um acidente com seu pai, Heinrich marcha para Sicília para tomar o trono das mãos bastardas.
Mas será que ele irá conseguir reaver o trono da esposa? Para quem conhece de história, o que ocorre não é surpresa nenhuma, pois o conto é um romance histórico, porém isso não tira toda a beleza da história, e mesmo sabendo algo, a história e o final são magnéticos.


Constance é uma protagonista maravilhosa, forte, inteligente, patriota que defende seus súditos, mesmo nos momentos em que a traíram, e uma mãe sensacional, o que ela faz no final é surpreendente e lindo demais, me emocionei com isso.


O conto, como falado a cima, é um romance histórico, com alguns relatos históricos, misturados com diálogos que sustentando um histórico.
Possuí uma leitura fluida e muito boa de ser lida, gostei bastante dele.

Nota: 5/5

QUOTES

"Constance sempre se culpara por seu casamento sem filhos, já que o saber popular sustentava que a culpa era sempre da mulher. Não era bem assim, dissera Martina secamente. Assim como uma mulher pode ter um defeito no útero, um homem pode ter um defeito em sua semente."

"– Minha senhora... Acho que deveríamos deixar este lugar hoje. Um exército saudável viaja menos de quinze quilômetros por dia, e esse exército está esgotado e sangrando. Se nos apressarmos, poderemos alcançá-lo...
– Não posso, Baldwin – falou ela. – É o desejo de meu marido que eu o espere aqui em Salerno. Mesmo que o pior aconteça e Tancredo sitie a cidade, Heinrich enviará tropas para defendê-la... E a nós.
– Claro, madame – concordou Baldwin, reunindo toda a certeza que podia. – Tudo ficará bem.
Mas ele não acreditava nisso e duvidava que Constance acreditasse."

"– Você precisa descansar agora – falou. – Não pode fazer nada que coloque o bebê em risco.
– Você terá de continuar sem mim, Heinrich, pois devo viajar muito lentamente.
Ele concordou tão prontamente que ela se deu conta de que tinha poder, pela primeira vez em seu casamento..."

"...Chamando mestre Conrad, que estivera desajeitadamente passando o peso de um pé para o outro, foi na direção da porta. Ali parou e, olhando para Constance, riu, um som tão raro que as mulheres todas se assustaram, como se ouvindo um trovão num céu claro sem nuvens..."

"Adela estava chorando, chamando-a de “meu cordeiro”, como se estivesse de volta ao berçário. Hildegund caíra de joelhos, agradecendo ao Todo-Poderoso, e Katerina, a mais jovem de suas damas, dançava pelo aposento, os pés leves como uma folha soprada pelo vento. Constance queria chorar, rezar e dançar, também. Em vez disso, riu, o riso da garota despreocupada que um dia fora em sua juventude, quando o mundo era repleto de sol tropical e ela nunca imaginara qual seria o seu destino – o exílio numa terra estrangeira gelada e um casamento que era tão estéril quanto seu útero."

"– Beba isto, minha senhora. Irá acalmar seus nervos. Adela está certa: está se aborrecendo por nada. Com certeza, sabia que haveria conversas maldosas como essa, homens ansiosos para esperar o pior do imperador?
Constance pousou a taça tão de repente que caiu vinho em sua manga.
– Claro que eu sabia, Martina! Heinrich tem mais inimigos do que Roma tem padres. Mas você não vê? Eram seus próprios cavaleiros, homens que juraram morrer por ele caso necessário. Se mesmo eles duvidam de minha gravidez...
Adela se ajoelhou ao lado da cadeira, fazendo um esgar quando seus velhos ossos protestaram.
– Isso não importa – repetiu, teimosa. – Falatório de gralhas, nada além disso.
– Isso importa! Meu filho virá ao mundo envolto numa sombra, sob suspeita. As pessoas não acreditarão que ele é verdadeiramente minha carne, o herdeiro legítimo da coroa siciliana. Terá de passar a vida inteira lutando contra calúnias e difamação. Rebeldes poderão usar isso como pretexto para se erguer contra ele. Um papa hostil poderá muito bem declará-lo ilegítimo. Ele nunca estará livre de murmúrios, de dúvidas... – falou, e fechou os olhos, lágrimas começando a escorrer por seus cílios. – E se ele mesmo acreditar nisso..."

"No dia seguinte ao Natal, a praça estava lotada como se fosse um dia de feira. Havia um clima festivo, pois os homens da cidade sabiam que testemunhavam algo extraordinário – ou pelo menos suas esposas. Eventualmente, uma delas saía da tenda para contar que tudo estava indo como devia, depois desaparecia novamente do lado de dentro. Os homens brincavam, fofocavam e faziam apostas sobre o sexo da criança que lutava para nascer. Dentro da tenda, o clima era bastante diferente. Inicialmente as mulheres de Jesi estavam excitadas, sussurrando entre elas, se sentindo como espectadoras de uma peça de Natal. Mas quase todas elas tinham as próprias experiências de parto, suportando o que Constance estava sofrendo naquele momento, e, enquanto a observavam se contorcer no banco de parto, sua pele coberta de suor, o rosto distorcido de dor, começaram a se identificar com ela, a esquecer que era uma imperatriz, nascida nobre, rica e privilegiada além de seus maiores sonhos. Elas tinham a honra de testemunhar um acontecimento histórico. E se viam então a estimulando como se fosse uma delas, pois eram todas filhas de Eva, e no que dizia respeito a parto, irmãs sob a pele."


"– Acho que ele está com fome – disse, e as mães na multidão concordaram, experientes, olhando ao redor em busca da mãe de leite; damas bem-nascidas como Constance não amamentavam os próprios bebês. Elas ficaram chocadas com o que aconteceu a seguir. As damas da imperatriz se adiantaram, temporariamente bloqueando a visão da multidão. Quando se colocaram de lado, a multidão engasgou, pois Constance havia aberto o manto, ajustado o corpete e começado a amamentar o filho. Quando as pessoas da cidade se deram conta do que ela estava fazendo – oferecendo uma última prova incontestável e pública de que aquele era um filho do seu corpo, sua carne e seu sangue – começaram a aplaudir forte. Mesmo aqueles hostis ao marido alemão de Constance se juntaram, pois a coragem devia ser reconhecida e honrada, e todos sabiam que estavam presenciando um ato de bravura desafiadora, a maior expressão do amor de uma mãe."
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A GAROTA NO ESPELHO

O conto é sobre uma escola de magia nos EUA, na história, um aluno incumbido de servir os vinhos aos outros alunos, Wharton, ganha o ódio da Liga (não a dos Assassinos, a Liga é formada por alunos da escola) que resolve pregar uma peça nele, roubando seus lápis especiais (BELA MANEIRA DE TORTURA!).
Bem a trama basicamente é sobre isso, claro que acontece outras coisas, mas é tudo muito sem graça.


Os personagens são sem graças, não sei se é porquê ganham pouco destaque e a única personagem que ganha mais destaque, Plum é bem sem graça.


O conto é bem simples, com uma história muito boba e adolescente, me senti lendo um Poseidon - O Legado de Syrena com bruxos, onde se tem uma mitologia muito rica, mas muito mau explorada e que com uma história principal boba demais.
Ele conseguiu superar 'Virgens' conto de Diana Gabaldon como história mais boba do livro.

Nota: 2/5

SEM QUOTES 

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SEGUNDO ARABESQUE, MUITO LENTAMENTE

O conto é sobre um futuro apocalíptico nos EUA, um vírus abateu a população feminina, deixando algumas mulheres estéreis.
Muitos anos se passaram desde de que esse vírus se abateu sobre o mundo, e acompanhamos, Susan, um enfermeira, ela e seu grupo estão indo para Manhattan (NY), chegando lá eles descobrem um bando menor instalado lá, eles aparentam serem pacíficos e firmam uma sociedade com o grupo de Mike (líder de Susan), mas será que esse novo é tão pacifista quanto parece? Só o tempo dirá.

Enquanto isso, num dos prédios destruídos de Manhattan, Guy, um dos amigos de Susan, junto com Jemmy, acham algumas TVs funcionando e alguns vídeos de aulas de balé, e Guy, começa a querer aprender a dança.
Guy escolhe Kara para ser sua parceira de dança, mas Mike, se descobrir isso não irá aceitar, então o que vai acontecer? Guy e Kara irão conseguir aprender o balé? Mike irá descobrir? Se sim, o que irá fazer? 


Os personagens do conto são maravilhosos demais, acho que o conto foi um dos poucos contos a terem muitos personagens que eu gostei, um pena que o conto é pequeno e não conhecemos tanto dos personagens.

Susan, a protagonista, é uma senhora de 64 anos, que enfrenta um grande problema, por estar velha demais, pode ser deixada para trás se o bando ver que ela é um incômodo.
Apesar de tudo isso, ela não deixa de ser forte e num momento que seus amigos precisam, ela é de grande ajuda.

Guy é um dos poucos homens do conto a ganhar um destaque a mais, e olha gostei demais disso, pois o personagem é apaixonante.
Ele é diferente da maioria dos outros caras do bando, ele é inteligente, e adora aprender sobre tudo com Susan.

Kara, parceria de Guy nas aulas de balé, é a única das meninas mais novas que gostei.
Ela é forte e de longe a melhor personagem do conto.
Não aceitar servir de escrava sexual e luta por isso, o contrário das outras meninas, que aceitam isso de boas.

Bonnie, a ajudante e aprendiz de Susan, é aquela personagem que me surpreendeu demais.
Ela é calada e na dela, nunca dá ideia aos outros, mas quando descobre o balé e a vontade de Kara e Guy de aprenderem a dança, passa por uma incrível mudança.


A história é bem interessante, apesar de em alguns aspectos conterem clichês do gênero.

No mundo que Nancy Kress criou, as mulheres só são úteis para procriar (como quase sempre alguns pensam na nossa realidade), elas começam nessa vida infelizmente cedo demais, com sua primeira menstruação a menina é obrigada a fazer sexo com todo mundo do bando (como são chamados os grupos sobreviventes), isso acontece porque não tem como saber quais homens são férteis, e se a menina se provar infértil, ela é mandada embora, a não ser que ela seja útil como guerreira ou enfermeira (essa parte é bem ridícula né e como sempre mostra que para a macharada só as mulheres são as culpadas, lamentável).

A escrita do conto é bem simples, porém muito boa, e tem certas partes que possuem uma beleza singular.

O final do conto foi magnífico e deixou um gostinho de quero mais, uma pena que não tenha uma continuação.

Nota: 5/5

QUOTES


"– Quantos anos tem agora?
– Sessenta – respondi, cortando quatro anos.
Não tinha ilusões quanto ao que Mike faria assim que eu não conseguisse mais acompanhar o bando. Bonnie já tinha aprendido metade do que eu tinha a ensinar. Nem mesmo uma enfermeira podia atrasar um bando nos deslocamentos nômades que significavam comida."

"– Eu serei o primeiro com Pretty.
– Ela sabe disso.
Ele grunhiu, não perguntando o que ela pensava disso. Se Pretty fosse fértil deveria acasalar com um macho fértil, e ninguém sabia quem poderia ser dos homens do bando. Nem tínhamos nenhuma ideia de como descobrir. Então, Pretty, assim como Junie e Lula antes dela, iria acasalar com todos eles em sequência."

"O guarda, um rapaz gentil de 16 anos chamado Guy, acenou com a cabeça na minha direção.
– Bom dia, enfermeira.
– Bom dia para o senhor – respondi, e Guy sorriu. Ele era um dos poucos interessados nos conhecimentos, de história, literatura, que eu às vezes soltava. Sabia até mesmo ler; eu estava ensinando..."

"Guy sorriu para mim. Depois olhou para a escuridão e vi que ele estava fazendo o que eu tinha feito: me imaginado uma artista num tempo que desaparecera. Ele me pegou pela cintura e tirou para dançar.
Eu nunca fui dançarina, e estou velha. Tropecei, e Guy me soltou. Dançou sozinho, como nunca teria feito se houvesse alguém presente além de mim e seu amigo de confiança Jemmy, que não estava sequer desviando os olhos de suas máquinas preciosas. Vi Guy se mover com longos passos deslizados que os bandos dançavam nos raros encontros e fui tomada pela tristeza dele de não poder ser nada além de um soldado raso de bando. Ele era gentil e sonhador demais para um dia se tornar um líder como Mike, masculino demais para um dia ser tão importante quanto uma menina fértil."

"– Sente-se.
– Sim, enfermeira. O que é este lugar?
– Era um teatro. Kara, o que a perturba?
...
– Eu não quero!
– Não quer o quê?
– Nada disso! Começar, ter uma cerimônia, ir para a cama com Mike e todos eles. Ter um bebê; eu não quero! ..."

"O bando tinha criado Jemmy desde que ele tinha 6 anos e sua mãe morrera. Ele tinha uma empolgada curiosidade, mas, diferentemente de Guy, nunca aprendera a ler, embora não porque partilhasse o habitual desprezo dos homens pela leitura como sendo inútil e feminino. Jemmy dizia que as letras davam pulos diante dos seus olhos, o que não fazia sentido, mas parecia ser verdade, já que afora isso ele era inteligente. Com corpo delicado demais para ser de grande utilidade para Mike, ele conseguia colocar para funcionar qualquer equipamento mecânico. Fora Jemmy quem descobrira como fazer os geradores que às vezes encontrávamos funcionarem com o combustível – que também encontrávamos às vezes. Os geradores nunca duravam muito, e a maioria das máquinas que eles deveriam alimentar tinha se tornado inútil por apodrecimento ou ferrugem, mas de vez em quando tínhamos sorte. Até o combustível acabar."

"– Eu tenho de dançar – teimou ele. – Balé. Com Kara. Ela é a única possível!"

"O rosto de Guy ficou pétreo, uma imitação tão boa de Mike que me assustou.
– O que estão fazendo? – perguntei.
– Tendo aulas.
Tendo aulas. Seguindo os movimentos dos dançarinos na tela. Minha raiva foi imediatamente engolida pela pena. Eles eram tão jovens. Crescendo em um mundo tão cru (minha avó dizendo “As apresentações encantadoras que eu vi!”), mas eles não sabiam como era cru. Agora sabiam, e achavam que as coisas podiam ser mudadas."

"– Enfermeira, nós precisamos – comentou Guy novamente.
– Não, vocês não precisam. Kara, venha comigo.
– Não – falou, e acrescentou apressada: – Eu não vou ser como Pretty! Não vou deixar que homens me toquem, façam sexo comigo, se enfiem em mim até eu ficar inchada e grávida e talvez morrer como Emma morreu! Não vou, não vou, não vou!"

"Enquanto ele preparava passos e combinações para ele e Kara, tivera em mente a música de Paul Hindemith. A dança deles combinava perfeitamente com a música, se fundia a ela, era ela. Nessa fusão, a inexperiência de Guy e Kara se tornava menos importante, em parte porque ele escolhera muito bem movimentos que podiam executar com graça."

"Os nomes não importavam. O que importava era a dança. Eles nunca se tocavam, mas o corpo jovem de Kara, em demi-pointe, se curvava na direção dele com tristeza, com perda, com desejo, sem nunca chegar a ele. Ele ansiava por ela, mas eu sabia que não era por ela que ansiava, nem ela por ele. A tristeza era pela dança, tão brevemente abraçada, perdida amanhã. A perda era de toda a beleza que um dia poderiam ter tido, se o mundo fosse diferente. Guy ergueu a perna, estendeu o braço e se equilibrou num arabesque perfeito. Ao brilho suave da luz da lanterna, as figuras dançando eram ouro líquido, e elas iluminavam o palco nu com uma tristeza de partir o coração pela beleza desaparecida."

"Mas foi Bonnie quem me chocou.
Ela estava de pé na lateral do palco: acompanhante, guarda, e algo mais. Eu nunca imaginara que seu rosto feio pudesse parecer assim. Ela não estava apenas viva, ela brilhava com a ferocidade do anjo protegendo o portão do Éden. Eu não soubera, sequer suspeitara."
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CIDADE LÁZARO

Numa New Orleans decadente, os policiais não se importam mais com nada e nenhum assassinato é solucionado com afinco, e o pior de tudo, alguns ainda fazem parceria com os poucos ricaços que permaneceram na cidade, e Danny é um desses.
Mas isso começa a mudar quando Danny conhece Delia, uma dançarina de já boate, será possível Danny mudar totalmente por amor?

Enquanto isso, um assassinato ocorre, Danny e os demais policiais nem se importam com ele, mas será que o assassinato não é nada demais? Quem matou esse cara? Só digo isso: FOI TUDO BEM ÓBVIO!!!

Os personagens do conto são bem ruins, não gostei de nenhum, a não ser Delia, que é uma ótima personagem e que tem um final maravilhoso!

A história do conto não é interessante, porém ele é pequeno e rápido de ser lido.

Nota: 2/5

SEM QUOTES

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O INFERNO NÃO TEM FÚRIA

Cait e seus amigos vão a cidade fantasma Louina (batizada com esse nome por causa de uma moradora que foi expulsa), eles vão lá para descobrirem se a cidade realmente é assombrada, mas existe um outro motivo que será a ruína deles.

Louina era uma moradora creek (um dos antigos povos antigos dos EUA) e quando foi expulsa da cidade, lançou uma maldição na cidade e seus habitantes.
E essa maldição ainda permanece no local.

Então o que irá acontecer a Cait e seus amigos? Louina irá matar eles? Eles irão sobreviver? Para descobrirem isso, terão que ler o conto.


Bem o conto é pequeno demais e por isso, tirando Cait, a protagonista, e Louina, os outros personagens são pouco explorados.
Ambas personagens são MARAVILHOSAS e o oposto uma da outra, a primeira é muito boa, porém medrosa, já a segunda, é vingativa e má demais.


A história é bem simples, é um pouco de terror, e como sempre tem os clichês do gênero, o final é óbvio e bobo, mas o conto é bom.

Dei uma leve pesquisada e realmente a cidade de Louina existe, não pesquisei muito e nem li, pois encontrei só informações em inglês e não sou tão bom na língua, porém para quem sabe, acho interessante darem uma pesquisada e por isso falei aqui.

Nota: 5/5

QUOTES 


"– Louina...
Cait deu um pulo ao ouvir o sussurro leve do nome da mulher; era o mesmo nome da cidade fantasma na qual estavam. Bastante cruel dar à cidade o nome da mulher que foi expulsa dela sem motivo real."

"– Eu sei, e não vou me esquecer... – retrucou, depois lançou um olhar gelado sobre todos. – De nada. E com isso ela subiu em sua carroça e partiu sem olhar para trás. Mas não havia como deixar de notar
a grande satisfação em seus olhos.
Ela estava deixando para trás mais do que sua loja.
Cait podia ouvir a maldade de Louina como se fossem seus próprios pensamentos. Eles irão se destruir procurando o ouro que meu marido nunca irá entregar...'
Era a vingança final de Louina."

"As fraquezas de nosso inimigo são nossa força.
Faça meu inimigo corajoso, inteligente e forte, para que, caso derrotada, eu não fique envergonhada."

"– Gostaria que acreditassem em mim. Mas sim. Não deveríamos estar aqui. Esta terra está saturada de maldade. É como um rio correndo sob a superfície.
E com essas palavras ela perdeu o apoio de Anne.
– Terra não pode ser má ou amaldiçoada. Você sabe disso – falou, e foi na direção dos homens.
Cait sabia. Sendo ela mesma em parte creek, fora criada segundo a crença da mãe em que se alguém odiava o suficiente, podia transferir esse ódio para objetos e o solo. Ambos eram como esponjas – podiam manter o ódio por gerações."

"Ganância, orgulho e estupidez. As três características mais fatais que qualquer ser humano podia possuir."

"Você deve viver sua vida do começo ao fim. Ninguém pode fazer isso por você. Mas tenha cuidado
quando quiser destruir o outro. Pois é a sua alma que será consumida, e será você quem irá chorar.
Nunca permita que a raiva e o ódio o envenenem."

"Palavras ditas com raiva têm um grande poder e não podem ser retiradas. Para aqueles que têm sorte, elas podem ser perdoadas com o tempo. Mas para outros..."

"São sempre nossas palavras e nossos atos que nos condenam. Nunca a intenção ruim ou os desejos de nossos inimigos."
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ANUNCIANDO A PENA

Não consegui ler o conto todo, achei muito chato, mas MUITO CHATO mesmo, nem o fato da história ter um pouco de cultura escocesa, irlandesa e celta deixou o conto melhor.
A história é sobre um mundo que passou pela Mudança (até onde li não fica muito claro o que é) e depois disso ele começou esquentar e algumas cidades foram destruídas pelo calor.
Para sobreviver algumas pessoas se voltaram aos antigos costumes formando clãs, e o Dun Carson é um deles, e Juniper Mackenzie é a líder deles e se tem que fazer de tudo para manter a paz no clã, sendo assim convoca um julgamento para decidir o que fazer com um assediador de jovens.
O que irá acontecer? Li o final e sinceramente achei sem graça a história, mas leiam por conta própria.

Nota: Mesmo sem ter lido tudo, dou 0.

SEM QUOTES

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O NOME DA FERA

Mais um conto bem sem graça, porém lido até o final, pois ele felizmente é muito pequeno.
Por ser pequeno, não sabemos tanto sobre a história, só sabemos que existem os humanos e os shict, para ambos os uns aos outros são feras.
Os shict gostam de matar os humanos, inclusive para se tornar um shict de respeito, toda criança tem que matar uma fera (ou seja um humano.
Assim, Kalindris tem que levar sua filha para matar seu primeiro humano, pois ela e seu marido são chefes dos shict, e todos do bando estão olhando torto para a criança. Porém Kalindris não quer isso par a sua filha.
Será que a criança irá conseguir matar um humano? E o resto do bando irá parar de questionar se ela é uma shict? E Kalindris irá deixar sua filha passar por esse ritual?

Enquanto isso, acompanhamos a vida de uma família humana que mora perto da aldeia shict, e eles são o alvo dos shict no ritual que a criança de Kalindris tem que passar.
O que será que irá acontecer à essa família? Irão morrer? Viver?
Para essa é as outras respostas leiam o conto por si mesmos.


Bem dos personagens do conto, só destaco Kalindris, que é uma personagem muito boa e uma ótima mãe.


Pelo conto ser pequeno, não sabemos muito do porque dela começar a questionar as leis shict e não querer mais matar humanos.

Bem leitura do conto é rápido, o que foi bom, pois ele é bem sem graça, a história poderia ser boa, mas faltou algo para isso acontecer.

Nota: 2/5

SEM QUOTES

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CUIDADORES

O conto é sobre duas irmãs que estão morando juntas, Gloria e Val, em um dia elas começam a conversar sobre mulheres assassinas em série, e depois descobrem uma maratona de 'Damas Assassinas' passando na TV e resolvem ver, no programa descobrem que mulheres assassinas geralmente são pessoas normais, enfermeiras e cuidadoras de idosos, e isso faz com que Gloria fique com medo por sua mãe que tem Alzheimer.

Um dia chegando de visita à sua mãe, Gloria conta a Val que conseguiu um emprego como voluntária na clínica de idosos que sua mãe mora, e com o tempo, ela começa a perceber algo estranho lá.
Val não acredita na irmã, mas será mesmo que há algo de errado na clínica? Para descobrirem leiam o conto.


As irmãs são ótimas personagens, gostei demais delas, menos quando estão brigando, por que essas partes são chatas.


A trama é muito boa, triste e engraçada ao mesmo tempo e também com alguns assuntos bem sérios, o que deixou o conto maravilhoso.

O conto é bem simples de ler, e não é nada chato, a autora Pat Cadigan nos faz pensar numa coisa no começo do conto, mas ela não segue por essa linha de narração no final, o que foi surpreendente e decepcionante ao mesmo tempo (vai me entender).

Apesar de tudo, amei o conto, principalmente depois de 2 contos bem ruins.

Nota: 4/5

QUOTES

"...a única outra dama assassina em que conseguia pensar além de Aileen Wuornos era Lizzie Borden."

"...Damas assassinas eram muito mais interessantes do que seus equivalentes masculinos. Diferentemente dos homens, que na maioria das vezes pareciam buscar apenas gratificação ao afirmar seu poder, damas assassinas estavam preocupadas mesmo com se safar. Elas planejavam com cautela, avaliando suas vítimas e as situações, e esperavam o momento certo."

"Elas também eram mestres – ou senhoras – da camuflagem, com a ajuda involuntária de uma sociedade que, mesmo naqueles tempos perigosos, ainda via as mulheres como criadoras, não como destruidoras. Quando não estavam assassinando alguém, as damas assassinas eram enfermeiras, terapeutas, babás, assistentes, até mesmo professoras..."

"– Você é a viciada em crimes – repliquei serenamente. – Eu quero a minha MTV. Ou, na falta disso, Wolverine."

"– Você sempre vai de manhã, certo? Quem lhe contou sobre síndrome do crepúsculo? Foi a Jill? Tentei dizer algo, mas ela falou mais alto que eu.
– Isso é código para “mamãe piora ao longo do dia”. Eles usam síndrome do crepúsculo com as famílias porque a palavra faz com que eles pensem em coisas como belos ocasos depois de um belo dia, como se a pessoa começasse bem pela manhã. Mas não começam. Elas estão melhor de manhã, o que a mesma coisa que bom."

"– As temporadas de Law & Order não vêm com um diploma de direito. "

"Ela estava certa – mamãe estava melhor. Mas a dra. Li me alertara que esses períodos de quase recuperação, quando os pacientes de algum modo pareciam se livrar da neblina que os cobria, não eram sinais de verdadeira melhora, apenas a natureza errática da doença se mostrando – uma das crueldades especiais do Alzheimer."

"A única forma de matar sombras é acender todas as luzes. Cheguei ao ponto de abrir a porta do quarto dela, mas não consegui ir mais longe. Não estou certa se ainda tenho medo – de encontrar Ritalina, Adderall ou mesmo Dexedrine, ou não. Se achasse, eu saberia o que fazer – apenas não sabia se conseguiria.
Mas se não, ninguém nunca teria de saber... Exceto eu, claro. Porque isso é o que eu descobriria.
Decidi que preferia especular sobre minha irmã do que ter certeza sobre mim, e fechei a porta.
Tem sido a mesma coisa toda noite no último ano e meio. Intelectualmente, sei que deveria parar, porque não vou fazer nada diferente. Mas no nível do instinto, não ouso. Tenho medo do que poderia acontecer se não ficar de pé ali e escolher não ser uma mulher má, furtiva e perigosa."
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MENTIRAS QUE MINHA MÃE ME CONTOU

O conto se passa em New Orleans, com Michelle uma sobre humana infectada pelo vírus alienígena Carta Selvagem.
No Carnaval de New Orleans, um acidente acontece, um bando de zumbis ataca o carro alegórico de Michelle, ela pensa ser Joey, porém não é, então quem será? E porque o carro dela foi atacado, mas só o carro DELA?
Depois disso, mais coisas ruins acontecem com Michelle, porém o que querem ao prejudicar ela? E quem está por trás desses ataques contra ela?

O mundo que Caroline Spector criou é MARAVILHOSO demais
.
Nele, no ano de 1946 um vírus alienígena chegou a Terra, o Carta Selvagem, a pessoa que contrai o vírus pode se tornar um às ou um curinga (sendo o primeiro uma coisa boa, pois a pessoa ganha poderes, e a segunda ruim, pois a pessoa fica com alguma deformação).


A personagem principal, Michelle é maravilhosa, ela felizmente é um às, mas não é só um às, ela também é uma heroína, pois a um tempo atrás salvou New Orleans e seus habitantes.

Também temos, Adesina, filha de Michelle, infelizmente ela é um curinga, e se contaminou com o vírus porque era uma cobaia em um laboratório clandestino na África.
Apesar de tudo, ela também tem poderes, ela pode entrar na mente dos outros (mas só de quem também teve a carta virada), ela também pode fazer os outros esquecerem certas coisas, e Michelle resolve pedir a menina para ajudar Joey, mas será possível isso?

E Joey, uma às também, ela tem o poder de criar zumbis e seu poder aflorou (teve a carta virada, que é como chamam quando os poderes afloram) muito cedo e num dos piores momentos de sua vida, momento esse que prefiro nem comentar e só digo isso: CHOREI MUITO quando mostraram a parte.
Esse momento na vida de Joey causou um trauma irreversível na moça, mas será que ela continuará com o trauma? 


QUE CONTO MA.RA.VI.LHO.SO!!! 

Me surpreendi muito com o conto de Caroline, ao ponto dele ter se tornado um dos meus preferidos na antologia Mulher Perigosas.

A história é muito boa, trata de vários assuntos importantes, como preconceito e ganância, fira outros assuntos.

Os personagens são muito boas e o desfecho??? Eu me surpreendi muito com ele, e acabei o conto com gostinho de quero mais na boca.

Nota 5/5 + fav

QUOTES

"– O que você está vendo? – perguntou Michelle.
– As Cartas Selvagens mais Sensuais e as mais Feias – respondeu Adesina. – Você está nas duas listas. Uma quando você está gorda e outra quando está magra.
Cristo”, pensou Michelle. “Salvei uma cidade inteira e eles estão julgando quão ‘gostosa’ eu sou? Sério?
– Sabe, essas listas são realmente idiotas – começou Michelle. – Cada um gosta de uma coisa diferente."

"Adesina deu de ombros.
– Acho que sim. Mas você é mais bonita quando está magra. Eles sempre querem tirar fotos suas quando está magra.
'Merda', Michelle pensou.'Não demorou. Só estamos nos Estados Unidos há um ano e ela já está pensando em quem é mais bonita. E em quem é gorda ou magra.'"

"Michelle sentiu um nó na garganta. Engoliu em seco, se recusando a chorar. Não havia como ignorar isso. Todo programa de TV, revista, outdoor e site na internet tinha alguma garota bonita, jovem, magrela e seminua vendendo algo. E até dois anos atrás, em grande parte desse tempo, essa garota tinha sido Michelle – mas isso fora antes de sua carta ser virada. E agora Adesina estava se preocupando com essa bosta. Michelle estava perdida"

"Olhe, querida, os Estados Unidos às vezes são um lugar idiota. Ficamos todos presos num lixo sem importância como esse programa e nos esquecemos das coisas que realmente significam algo. E estou sendo péssima nessa coisa de mãe agora. Às vezes, a verdade é que o mundo será indelicado porque você é diferente. Mas isso não tem nada a ver com você, querida. É só que o mundo está cheio de idiotas."

"O mundo pode ter mudado por causa do vírus, mas as pessoas, bem, elas ainda são iguais."

"– Mas se não sou Hoodoo Mama, quem eu sou? – indagou Joey com um choro sofrido. – Você viu o que aconteceu comigo. Se não sou Hoodoo Mama, como posso deter aqueles escrotos?
– Você é Joey Hebert, porra – retrucou Michelle. – E Joey Hebert é Hoodoo Mama, tenha ela ou não um poder de Carta Selvagem. Essa é quem você é, merda. E depois de amanhã nós iremos dizer a esse sr. Jones que ele tem de parar de foder com nós duas."
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Como já falado à cima, o livro contem diversos contos, só comprei o livro por causa de 2 autores, George e Diana Gabaldon, o conto dele foi MARAVILHOSO, o dela decepcionante começando pelo protagonista, Jaime, mas também por causa de um roteiro fraco e porque simplesmente a autora não consegue escrever algo sem o recurso de um estupro, todo santo livro tem um! 

Porém, não vou mentir, Mulheres Perigosas, é maravilhoso demais, de longe MUITO melhor que O Príncipe de Westeros, e não é por causa de um conto que foi o carro chefe da compra ter em decepcionado que o livro foi ruim, pois não foi, só os outros 9 contos que AMEI e selecionei como favoritos sustentando esse livraço!

As únicas coisas que me decepcionaram no livro em si, foram o fato de que NEM todos os contos serem protagonizados por mulheres (ao todo foram 13 contos narrados por mulheres, 6 por homens e 3 mistos) e também o fato de que nem todas as MULHERES PERIGOSAS nos contos eram realmente PERIGOSAS ao meu ver, mas dá para relevar essas falhas. 

Para quem gosta de vários gêneros literários, esse livro é uma boa pedida, tem de tudo aqui, aventura, guerra, histórias medievais, romances históricos, terror, etc.

Alguns autores eu nunca tinha ouvido falar, mas gostei muito, também conheci uma serie que parece ser bem interessante (Dresden Files de Jim Butcher), mas não sei se ela é publicada aqui no Brasil.


Nota total: 5 + fav, por não somente ter o MELHOR conto de Martin numa antologia (não conto os contos de O Cavaleiro dos Sete Reinos), como também outros 9 contos MARAVILHOSOS.

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