BEDA #10 - O valor dos Livros (#2) - Livro físico X e-book

*Quando você compra um livro, leva em consideração apenas o conteúdo ou também o objeto que está adquirindo?

*Edições diferenciadas, com capa dura, ilustrações, e até brindes, chamam mais sua atenção na hora da compra?

*Se todos os e-books fossem distribuídos legalmente e de graça, você ainda compraria livros físicos ou migraria de vez para o e-reader?

*Você costuma comprar livros sem ler a sinopse, apenas por serem de um autor que você já conhece?

*E quando você compra um livro? na pré-venda ou apenas quando ele entra em promoção?

Esse é o segundo texto baseado nas perguntas acima. Assim como no primeiro, a intenção não é fazer uma crítica ou sugerir nada, apenas refletir sobre o tema.


Por que você lê um livro? Apenas para saber o que está escrito em suas páginas? ou tocar o papel, sentir o cheiro da tinta e admirá-lo como um objeto de decoração também faz parte da experiência? Provavelmente a resposta para essa pergunta pode ser usada para separar os leitores em dois grupos: os que preferem livros físicos e os que preferem e-books. 

Como (quase) sempre, ambas opções tem suas vantagens. O livro, enquanto objeto, pode ser usado até para decoração. Não importa se será em uma estante cheia de lombadas organizadas por cor, tamanho ou ordem alfabética, ou apenas um livro 'esquecido' em um lugar estratégico da casa, mas é fato que, para quem gosta de livros, vê-los decorando o ambiente é sempre satisfatório. Da mesma forma, além da experiência intelectual com a leitura, há também uma experiência sensorial, onde ver uma capa bonita, um acabamento bem feito, a cor das páginas e as letras impressas, tocar a textura do papel e virar as páginas, e em alguns casos, até sentir o cheiro do papel e da tinta (ou o "cheiro do tempo", no caso de livros mais antigos) nos traz diferentes sensações. Um livro físico pode tanto ser admirado como um objeto de decoração quanto ser manuseado como um brinquedo novo, e para isso pagamos o seu preço.

Em contrapartida, o e-book vem ganhando cada vez mais espaço entre os leitores, e também apresenta suas vantagens. A primeira e que mais se destaca é a questão do espaço que ocupa. Enquanto podemos ter pilhas enormes de livros de papel em casa, podemos ter milhares de e-books armazenados em um único e-reader e levá-los a qualquer lugar. Não importa se os livros terão 100 ou 1000 páginas, será sempre fácil carregá-los e segurá-los durante a leitura, e você pode terminar um e começar outro em qualquer lugar, sem precisar ficar carregando muito peso quando sair de casa. Mas assim como no caso dos livros físicos, há um preço a ser pago por toda essa facilidade.

Comecemos falando sobre os e-readers. Não é um item obrigatório, afinal, e-books podem ser lidos em celulares, tablets ou computadores, porém os e-readers foram desenvolvidos com um objetivo específico, e por isso possuem diferenciais que tornam a experiência de leitura ainda mais agradável. Além de serem muito leves (na maioria das vezes pesam menos que um livro de papel), também permitem ajustar o brilho da tela. Alguns modelos possuem até luz para leitura noturna e conexão wi-fi para download de novos livros, e o grande diferencial quando comparado com tablets ou celulares, é que a bateria costuma durar muitos dias, ou até algumas semanas. 

Após escolher o meio pelo qual o e-book será lido, é hora de comprá-lo ou baixá-lo. Atualmente a maioria das editoras disponibilizam tanto os livros físicos quanto os e-books para compras em seus sites, e pelo que percebi, em grande parte dos livros o preço de capa dessas edições difere em cerca de 10 reais. Ou seja, se um livro físico custa R$24,90 o e-book custa em torno de R$14,90, como é o caso do livro O Adulto, de Gillian Flynn. Claro que há variações enormes nesses valores, principalmente nos e-books, que podem ter tanto um valor simbólico quanto um valor maior que o livro físico em alguns casos. E é aí que eu me pergunto: Por quê?



Como já mencionado aqui o valor de capa de um livro é composto de muitas variáveis, que incluem os custos de criação e de produção. Compreensivelmente os custos de produção compõem o preço de capa de um e-book, mas e quanto aos custos de materiais de um livro físico? Será que eles representam um parte tão pequena assim do valor? Indo além, será que após a 1ª edição, os custos com criação de capa, diagramação, tradução ainda estão presentes? ou todo o valor de compra de um e-book só gera lucros para a editora, e os gastos com sua disponibilização são ínfimos? E se for assim, porque os e-books não possuem um valor mais competitivo frente as inúmeras cópias e arquivos encontrados de graça para download na internet?

Como a maioria dos leitores já sabe, é fácil de conseguirmos cópias "não autorizadas" e até traduções de livros que nem sequer foram publicados no Brasil ainda, e isso sem pagar nem um centavo. Como também sabemos, muitas vezes a qualidade desses arquivos não é das melhores, com erros grotescos de tradução ou um diagramação precária. Mas se é essa a opção que temos, e é apenas a história do livro que nos interessa, então...  porque não?

Vale ressaltar que essas cópias que encontramos para download não rendem direitos de publicação ao autor. Ou seja, você pode adorar a história que alguém escreve, querer saber tudo sobre ela, ler todas as continuações e spin-offs e o seu autor querido, que te proporciona tantos momentos de distração, não vai ganhar nem um centavo dessa forma. Parece injusto, né? 

Mas e quem disse que o valor de um e-book comprado legalmente é justo? Afinal, seria muito mais lógico que os valores de e-books fossem menores, já que não há custos de impressão e transporte, por exemplo. Ouso dizer que enquanto os valores de e-books forem próximos aos de livros físicos, muitas pessoas não optarão por sua compra, preferindo pagar um pouquinho a mais por um objeto que podem ter em suas mãos. Porém, se esses valores forem mais razoáveis, já que tratam-se apenas de cópias de arquivos digitais, muitas outras pessoas poderiam aderir aos livros digitais vendidos legalmente, afinal, para quem gosta de ler é sempre justo valorizar quem escreve.

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