Terminei de Ler: Menina Má

Menina Má
Autor: William March
Páginas: 272
Dimensões: 14 x 21 cm
Editora: DarkSide Books
Limited Edition (capa dura)

Publicado originalmente em 1954, MENINA MÁ se transformou quase imediatamente em um estrondoso sucesso. Polêmico, violento, assustador eram alguns adjetivos comuns para descrever o último e mais conhecido romance de William March. Os críticos britânicos consideraram o livro apavorantemente bom. Ernest Hemingway se declarou um fã. Em menos de um ano, MENINA MÁ ganharia uma montagem nos palcos da Broadway e, em 1956, uma adaptação ao cinema indicada a quatro prêmios Oscar, incluindo o de melhor atriz para a menina Patty McComarck, que interpretou Rhoda Penmark.

Rhoda, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também.

MENINA MÁ é um romance que influenciou não só a literatura como o cinema e a cultura pop. A crueldade escondida na inocência da pequena Rhoda Penmark serviria de inspiração para personagens clássicos do terror, como Damien, Chucky, Annabelle, Samara, de O Chamado, e o serial killer Dexter.

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"Acho que o segredo do temperamento de Rhoda é o simples fato de ela não precisar dos outros, como a maioria de nós precisa.(...)" 

pg. 46

Rhoda Penmark é a Menina Má. Com carinha de anjo, comportamento exemplar, e incrivelmente responsável e autossuficiente com apenas 8 anos, Rhoda é alvo de elogios de quase todos os adultos que a conhecem, com exceção talvez apenas de Leroy, o zelador do prédio onde ela mora com sua mãe. 

Mas nisto ele estava enganado, pois, conforme o tempo vai mostrar, Rhoda era perfeitamente capaz de trazer para a realidade coisas sobre as quais o zelador apenas fantasiava. 

pg. 38

Christine, mãe de Rhoda, é uma das poucas pessoas que sabe que a menina não é exatamente o que aparenta ser, e conforme o tempo passa ela descobre coisas ainda piores sobre sua filha. 

Ela deve ter aprontado alguma coisa, pensou Christine, E alguma coisa bem ruim, ou não se daria ao trabalho de tentar me agradar.

pg. 73

Tudo começa quando, em um passeio da escola, uma tragédia acontece com um dos colegas de Rhoda e a visível indiferença da menina começa a deixar Christine preocupada.

"Ela é tão fria, tão impessoal em relação a coisas que incomodam os outros..." 

pg. 72

Coincidentemente, Christine tem um amigo que possui uma coleção de recortes e informações sobre casos de serial killers e ela acaba lendo esse material, o que a deixa ainda mais preocupada com a situação da filha e seu suposto envolvimento na tragédia ocorrida.

A menina respondeu em seu tom estudado e prolongado, como se falar fosse algo perigoso, um caso a se pensar. 

pg. 24

O livro todo é escrito de uma forma aparentemente descompromissada mas capaz de 'apertar o calo' de muita gente: imprensa, psicólogos, machistas, preconceituosos, homofóbicos, escolas, e até vizinhos enxeridos. Há muitas críticas, porém de forma sutil ou irônica, o que em nada interfere no andamento da história. Por exemplo: o que você faria se tivesse um filho que saiu em uma excursão com a escola, e durante o dia você ouvisse no rádio a notícia de que uma daquelas crianças que estavam no passeio veio a falecer, mas que eles não divulgariam a identidade até a família ser contatada? 

"Um grande romancista com algo a dizer não precisa se preocupar com estilo ou em encontrar uma forma de expressão incomum.(...)"

pg. 158

A leitura é super fluída, com narrativa em 3ª pessoa. Os capítulos possuem uma extensão razoável, não são curtos e nem muito longos, e apesar de não haver ganchos para nos deixar curiosos para ler o capítulo seguinte, são escritos de tal forma que a tensão é crescente e ficamos ansiosos. Não importa se lemos apenas um capítulo ou metade do livro de uma vez: ficamos com uma sensação angustiante de que algo está errado, fora de lugar, e que para consertar isso é necessário continuar lendo.

Mas a menina continuou em silêncio, sua cabeça a mil, esperando astuciosamente a mãe continuar a falar para lhe dar uma pista do que esperava ouvir. 

pg. 117

Os personagens apresentados, com exceção (talvez) apenas de Rhoda, podem ser facilmente reconhecidos em pessoas de nosso convívio: o zelador Leroy mal humorado, que se acha muito esperto e muitas vezes não tem noção da gravidade de seus atos; a vizinha Monica Breedlove que fala sem parar, acha que sempre está certa e consegue entender todo mundo apenas porque fez alguns anos de terapia; a mãe Christine, disposta a tudo para proteger a filha e, na dúvida, sempre acreditar nela, entre outros.

Era seu dever protegê-la, dar toda a ajuda de que precisasse, e em caso de dúvida, sempre considerá-la inocente.

pg. 97

O mais legal em Menina Má é nos questionar  o que você faria se fosse com sua filha? Não tão diretamente assim, mas essa questão, assim como várias outras, ficam em nossa cabeça, principalmente no final da história. E se não tivesse sido assim? E se determinada personagem tivesse agido de outra forma? E se ela não tivesse feito nada? E se ..? Não por acaso Menina Má foi um sucesso praticamente instantâneo na época de seu lançamento, inspirou peças de teatro e filmes e continua extremamente atual até hoje. Vale a pena a leitura!

"Se me perguntassem, eu diria que a era em que vivemos é a da violência. Me parece que todo mundo tem violência na cabeça hoje em dia. E acho que vamos simplesmente continuar por esse caminho até não ter nada mais que estragar. Se você para para pensar, é assustador."

pg. 51

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