Recebi esse texto por e-mail ontem, ele faz parte da newsletter da Editora Paralela (e não sei dizer onde mais é possível encontrá-lo). Estou compartilhando porque simpatizo com a ideia e adoraria saber a opinião de outros leitores (não, não é só porque eu também adoro o livro Diário de Uma Paixão).
Guilty Pleasure não deveria ser “guilty”
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Por: Renata Moritz, editora da Paralela
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Eu leio romances e não estou nem aí para o que os outros pensam disso!)
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Eu
amo livros de todos os estilos e gêneros, mas se você me perguntar se
existe algum tipo específico de história que costuma me interessar mais,
que me deixa viciada, e que faz o meu coração bater mais rápido, a
resposta seria romances.
Não, não me refiro aqui ao romantismo europeu do século XVIII e XIX, que
estudamos no segundo colegial. Não estou falando de Casimiro de Abreu,
José de Alencar, ou de outros nomes consagrados da literatura mundial.
Estou falando daqueles livros. Aqueles que aprendemos desde muito cedo que não deveríamos gostar. Aqueles que, de acordo com a crítica especializada, “não têm valor literário”. Aqueles que muitas vezes têm capas cafonas e esquisitas, com casais se beijando ou com corpos seminus sob o sol.
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Mesmo que você
saiba que tem a liberdade de ler o que bem entende, mesmo que não ligue
tanto para o que os outros pensam, talvez você já tenha se defendido ou
se justificado, sem saber direito o porquê.
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“Esse
livro é uma bobagem, eu leio só para me distrair”. “Eu sei que não é
bem escrito, isso é apenas um Guilty Plesure”... Essas frases soam
familiares?
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De fato,
parece mesmo haver uma ideia por aí de que certos tipos de livros (e
músicas, filmes, programas de tv, etc) têm menos valor e por isso não
merecem ser vistos como formas legítimas de expressão. E, se você parar
para pensar, vai ver que a maior parte desses livros (e músicas, filmes,
programas de tv, etc) estão associados ao universo feminino.
Experimente ostentar um romance estilo “Chick Lit” (“livros de
mulherzinha” em inglês) na próxima vez que for pra praia com seus amigos
intelectuais. Ou ouvir Lady Gaga, Katy Perry, ou outra artista pop em
alto e bom som no seu carro quando não estiver sozinha. Certo dia, falei
num almoço de negócios que “Diário de uma Paixão” era um dos meus
filmes prediletos. Óbvio que até hoje sou zoada por isso.
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fala a verdade: tem como não amar Noah e Ellie?
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Mas por quê?
Se a cultura pop se expandiu tanto nas últimas décadas, se hoje é
considerado “bacana” gostar de videogames, se hoje é considerado cult
gostar de histórias em quadrinhos, e se ser geek virou mainstream ,
por que as chamadas “coisas de mulherzinha” ficaram de fora dessa
grande democratização? E, afinal de coisas, quem é que decide o que é
“coisa de mulherzinha” e o que não é?
São perguntas que envolvem assuntos complexos, e para respondê-las precisamos reconhecer, antes de mais nada, que a nossa cultura vive tirando sarro de “assuntos de mulher”. Somos constantemente treinados a desvalorizar produtos culturais cujo apelo é maior para o público feminino.
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Chega de achar que o feminino vale menos
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Se quisermos
mudar este cenário, acho que um passo importante é simplesmente parar de
nos desculpar por gostarmos de ler romances. Temos que parar de
disfarçar que gostamos de ouvir Madonna, ou de assistir séries sobre
vampiros. Que tal tirar o “guilty” do “guilty pleasure”? E por que não
deixar de lado rótulos como “chick lit” (um termo pejorativo que coloca
no mesmo saco livros completamente diferentes entre si)?
Abandonar essa vergonha pode requerer um esforço, é verdade! E é para isso nós estamos aqui: para contribuir com a sua vida Paralela: um lugar onde não precisa ter vergonha de se divertir.
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