Terminei de ler: O Fio do Destino

Fio do Destino
Autora: Zibia Gasparetto, pelo espírito Lucius
Páginas: 416
Editora: Vida e Consciência


Nova edição de um dos grandes sucessos de Zibia Gasparetto, lançado originalmente em 1988. Em uma trama surpreendente, a autora relata duas das encarnações de seu mentor espiritual Lucius: a mais antiga como membro do Parlamento inglês, e a outra como escritor e juiz na França. Uma envolvente narrativa, que propõe uma reflexão sobre o apego excessivo a bens materiais e ensina que o autoconhecimento e o perdão são essenciais para o amadurecimento e crescimento do espírito.



Nota: 5 de 5





"Fio do Destino" é um daqueles livros que nos deixa bem curiosos só de ler a sinopse. Afinal, o protagonista da trama é justamente o espírito Lucius, o espírito que narra as histórias de vários livros da autora Zibia Gasparretto. Aqui, ele conta como foram duas de suas várias encarnações e o como os atos de uma acabaram por refletir na outra, de uma forma ou de outra.

O livro, na verdade, é um relançamento, pois saiu muito tempo atrás com outra capa. Mais, cá entre nós, esse moço da capa nova é bem mais bonito que a capa anterior, não? Sem contar que toda a arte interna do livro no qual a editora se empenhou para a nova edição é maravilhosa (essa segunda capa com cartas é uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida e amaria se lançassem ela em uma versão de papel de parede, sabe?).

Diferente do que eu imaginava (e acho que a maioria dos leitores vai concordar comigo), Lucius foi uma pessoa cheia de defeitos e que errou muito nas duas vidas narradas na trama. Ele não era um "ser quase celeste", com uma moral impecável e totalmente espiritualizado. Nada disso, ele errou e muito. E, embora a gente não saiba qual das muitas encarnações de sua vida tenham sido essas duas, dá para se imaginar que ele teve que melhorar muito antes de chegar aonde chegou. Inclusive, os erros de uma dessas vidas acaba por refletir na outra, o que causa algumas dificuldades em seu trajeto.

A história começa em Paris, no ano de 1891. Lucius, que nesta encarnação se chama Jacques, é de uma família abastada e após o falecimento de seu pai, cabe a ele o papel de "homem da casa". Mas, digamos, ele não é uma pessoa lá muito boa e correta e se preocupar com o bem estar de sua mãe e sua irmã não são exatamente suas prioridades na vida.

Ele ainda é um estudante, mas não quer abrir mão de seus estudos, mesmo com as contas da família "no vermelho". Aliás, ele coloca a sua felicidade e seus gostos e extravagâncias à cima do próprio bem estar da mãe e da irmã. Enquanto elas passam por dificuldades e economizam no que podem, ele não deixa de frequentar os lugares no qual está acostumado e demonstrar viver uma "boa vida" a qual não mais tem.

E quando as contas ficam ainda mais apertadas, a solução para ele não poderia a pior de todas. Como era de costume na sociedade machista e patriarcal da época, Jeaques vê Lenice, sua irmã, como uma espécie de "objeto" a ser vendido em um casamento rico para que ele possa continuar a desfrutar de sua vida desregrada. Ela não gosta do rapaz no qual será obrigada a casar, mas o irmão a fará casar-se para que possa pagar as dividas de sua família, não respeitando a opinião ou os sentimentos da moça.

Lenice chega a recusar o casamento com Lasseur, um rapaz que até então não ia para a cara de Jacques, mas que como é de família rica e gostava da moça, pôde desposá-la "sem problemas". Ela lhe diz com todas as letras que só lhe tem amizade, que não há um amor reciproco para dar a ele, mas Lasseur é orgulhoso demais para aceitar um "não" como resposta e jogará baixo para conseguir o que quer.

Sem chances de fugir de seu destino, ela acaba se casando com o rapaz, e esse casamento forçado não parece abalar em nada seu irmão Jacques. Aliás, ele não se importa em nada com o drama da irmã, simplesmente volta para a faculdade e a farra como se aquele mundo lhe pertencesse por direito e que casar sua irmã para ter dinheiro novamente não fosse "nada".

Mas, digamos que a vida vai pregar algumas peças nesse rapaz, mas não apenas nele. É interessante ver que o drama de Lenine não é deixado de lado, ela também passa por muita coisa após o casamento e vemos o como se transforma para melhor. Mas o ponto alto, sem dúvida, é o como o peso da culpa (que chega com o tempo e após acontecimentos que marcam a própria vida de Jacques) uma hora bate a porta e ele verá que forçar a irmã a casar não foi algo bom.

Você deve estar se perguntando: "mas o livro não diz duas vidas de Lucius?" Sim, ele diz mesmo, mas a segunda vida dele, que é anterior a esta, só é mencionada bem para o final, e ela meio que explica o porque ele tinha que passar por situações financeiras e amorosas tão conturbadas e o motivo de suas dívidas nessa vida serem com as pessoas ao seu redor nesta daqui. Eu até poderia falar mais sobre ela, mas tiraria um pouquinho do suspense.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Deixe seu comentário!

Topo