Autor: Kristin Hannah
Páginas: 416
Editora: Novo Conceito
Meredith e Nina Whiston são tão diferentes quanto duas irmãs podem ser. Uma ficou em casa para cuidar dos filhos e da família. A outra seguiu seus sonhos e viajou o mundo para tornar-se uma fotojornalista famosa. No entanto, com a doença de seu amado pai, as irmãs encontram-se novamente, agora ao lado de sua fria mãe, Anya, que, mesmo nesta situação, não consegue oferecer qualquer conforto às filhas.
A verdade é que Anya tem um motivo muito forte para ser assim distante: uma comovente história de amor que se estende por mais de 65 anos entre a gelada Leningrado da Segunda Guerra e o não menos frio Alasca. Para cumprir uma promessa ao pai em seu leito de morte, as irmãs Whiston deverão se esforçar e fazer com que a mãe lhes conte esta extraordinária história.
Meredith e Nina vão, finalmente, conhecer o passado secreto de sua mãe e descobrir uma verdade tão terrível que abalará o alicerce de sua família… E mudará tudo o que elas pensam que são.
“Difícil não rir um tanto e chorar ainda mais com a história de mãe e filhas que se descobrem no último momento.”
– Publishers Weekly
A história que sua mãe conta é como nenhuma outra já ouvida por elas antes — uma história de amor cativante e misteriosa que dura mais de sessenta anos e parte da Leningrad congelada e devastada pela guerra até o Alasca, nos dias atuais. A obessão de Nina por esconder a verdade as levará a uma inesperada jornada ao passado de sua mãe, onde descobrirão um segredo tão chocante, que abala a estrutura da família e muda quem elas acreditam ser.
O lar dos Whiston não é um lar como os outros, amoroso,
aconchegante e caloroso, e as festas de fim de ano também não são como as das
outras famílias, isso tudo pois a mãe de Meredith e Nina é uma pessoa fria e
não chega nem a demostrar o seu amor as filhas.
"Os 3 se entreolharam por cima do castelo verde no estilo Picasso e das roupas sobre a cama. A verdade que compartilhavam, apenas com os olhares, era que Anya Whitson era um mulher fria; todo o calor que demonstrava era dirigido ao marido. Muito pouco dele alcançava as filhas. Quando eram menores, Papai tentara fingir que não era assim, tentara desviar a atenção delas como se fosse um mágico, iludindo-as com o brilho de sua própria afeição, mas, como ocorre com todas as ilusões, a verdade acabara aparecendo por trás dela."
"Os 3 se entreolharam por cima do castelo verde no estilo Picasso e das roupas sobre a cama. A verdade que compartilhavam, apenas com os olhares, era que Anya Whitson era um mulher fria; todo o calor que demonstrava era dirigido ao marido. Muito pouco dele alcançava as filhas. Quando eram menores, Papai tentara fingir que não era assim, tentara desviar a atenção delas como se fosse um mágico, iludindo-as com o brilho de sua própria afeição, mas, como ocorre com todas as ilusões, a verdade acabara aparecendo por trás dela."
Meredith tentar mudar isso ao fazer uma peça de teatro no Natal
com um dos contos de fadas que a mãe conta as meninas (única hora em que a
mulher conversa com elas), mas nem tudo dá certo e a mãe não gosta nada disso,
mas porque a Sra Whiston age friamente assim?
Com isso o tempo passa, e Meredith e Nina seguem com a vida, sem
o amor da mãe.
Meredith se torna gestora da empresa da família, uma fazenda de maçãs, e Nina se torna jornalista e fotografa, e viaja pela África.
A vida de ambas parece normal, até que um triste acidente acontece, o pai morre, e antes disso, ele faz Nina prometer se aproximar da mãe e contar a história da Camponesa e do Príncipe toda, mas será que ela conseguirá manter a promessa?!
Meredith se torna gestora da empresa da família, uma fazenda de maçãs, e Nina se torna jornalista e fotografa, e viaja pela África.
A vida de ambas parece normal, até que um triste acidente acontece, o pai morre, e antes disso, ele faz Nina prometer se aproximar da mãe e contar a história da Camponesa e do Príncipe toda, mas será que ela conseguirá manter a promessa?!
Após a morte do pai, Meredith passa a cuidar da mãe, que a cada
dia piora, tendo delírios e se confundindo, ela não entende isso e não sabe o
que a mãe tem e nem como a ajudar, afinal como ajudamos alguém que NÃO pede
ajuda nunca?!
Isso muda num dia em que Anya em seu delírio começa a 'reformar' a casa, tirando os papéis de parede e se acidenta, machucando o tornozelo, sendo assim ela leva a mãe para uma casa de repouso para idosos, mesmo sabendo que Nina não irá gostar.
Será que a senhora Anya irá permanecer lá?
Isso muda num dia em que Anya em seu delírio começa a 'reformar' a casa, tirando os papéis de parede e se acidenta, machucando o tornozelo, sendo assim ela leva a mãe para uma casa de repouso para idosos, mesmo sabendo que Nina não irá gostar.
Será que a senhora Anya irá permanecer lá?
A vida de Nina também segue normalmente, pois ela para fugir dos
problemas e responsabilidades, volta a ativa em sua profissão.
Porém ela resolve voltar par casa, e na volta, enfim consegue fazer a mãe contar a história toda, e aqui descobrimos que por trás do 'Conto de Fadas' tem uma triste e real história passada em Leningrado, na Rússia, em plena Segunda Guerra Mundial, e é claro, além dessa parte dar um requinte de mistério à história, ela também dá um ar triste e melancólico à mesma.
"Depois disso, a família de Vera mudou. Ninguém mais sorri, ninguém ri. Ela e a mãe e a irmã tentam fingir que tudo vai melhorar, mas ninguém acredita nisso.
O reino continua lindo, ainda é uma cidade branca, murada e cheia de pontes e torres e rios mágicos, mas Vera a vê agora de forma diferente. Ela vê sombras onde antes havia luz, medo onde antes havia amor. Antes, o som de estudantes rindo em uma morna noite branca podia fazer com que chorasse com anseios. Agora, ela sabe pelo que vale a pena chorar."
É aqui que descobrimos o passado de Anya, mãe das meninas, e do porquê dela ser tão fria com elas. Mas o que aconteceu em Leningrado? E porque isso ’esfriou’ Anya ao ponto de aparentemente não conseguir amar as filhas? Leiam Jardim de Inverno e descubram essa linda e triste história de uma família aparentemente normal.
"Os cadáveres começaram a aparecer na semana passada: pessoas ainda vestidas para o frio, congeladas no lugar, em bancos de jardim ou embaixo das marquises dos prédios.
As pessoas aprenderam a não olhar para os corpos. Vera não pode acreditar que isso é verdade, mas é. Quanto mais faminto e com frio se fica, mais a visão afunila, a ponto de não se conseguir enxergar além de sua própria família."
Porém ela resolve voltar par casa, e na volta, enfim consegue fazer a mãe contar a história toda, e aqui descobrimos que por trás do 'Conto de Fadas' tem uma triste e real história passada em Leningrado, na Rússia, em plena Segunda Guerra Mundial, e é claro, além dessa parte dar um requinte de mistério à história, ela também dá um ar triste e melancólico à mesma.
"Depois disso, a família de Vera mudou. Ninguém mais sorri, ninguém ri. Ela e a mãe e a irmã tentam fingir que tudo vai melhorar, mas ninguém acredita nisso.
O reino continua lindo, ainda é uma cidade branca, murada e cheia de pontes e torres e rios mágicos, mas Vera a vê agora de forma diferente. Ela vê sombras onde antes havia luz, medo onde antes havia amor. Antes, o som de estudantes rindo em uma morna noite branca podia fazer com que chorasse com anseios. Agora, ela sabe pelo que vale a pena chorar."
É aqui que descobrimos o passado de Anya, mãe das meninas, e do porquê dela ser tão fria com elas. Mas o que aconteceu em Leningrado? E porque isso ’esfriou’ Anya ao ponto de aparentemente não conseguir amar as filhas? Leiam Jardim de Inverno e descubram essa linda e triste história de uma família aparentemente normal.
"Os cadáveres começaram a aparecer na semana passada: pessoas ainda vestidas para o frio, congeladas no lugar, em bancos de jardim ou embaixo das marquises dos prédios.
As pessoas aprenderam a não olhar para os corpos. Vera não pode acreditar que isso é verdade, mas é. Quanto mais faminto e com frio se fica, mais a visão afunila, a ponto de não se conseguir enxergar além de sua própria família."
Bem falar dos personagens desse livro é uma coisa muito difícil,
pois eles não são os tipos de personagens que me fizeram gostar deles de cara,
e sim aos poucos (e foi o que aconteceu, eu terminei o livro completamente
apaixonado pelo trio de protagonistas, principalmente Anya) e também porque
eles são reais demais, cheio de defeitos e em alguns aspectos muito parecidos
comigo mesmo, o que é estranho pois na leitura achei certas qualidades/defeitos
deles irritantes, mas eu tinha essas qualidades, então porque elas me irritaram
tanto? Essa é a pergunta de Um Milhão de dólares que não sei a respostas.
"- Perder o amor é algo terrível - Mamãe disse suavemente -, mas virar as costas para ele é insuportável. Você vai passar o resto da vida repassando isso na sua cabeça? Imaginando se se afastou cedo demais ou com facilidade demais? Ou se vai algum dia amar alguém novamente com tanta profundidade?"
Anya é sem dúvida a MELHOR personagem do livro, é MUITO triste
ver pelo que ela passou, acho que eu no lugar dela não sobreviveria, e é LINDO
ver que ela passou pelo que passou e sobreviveu, mas também é triste ver que
isso causou um estrago enorme na alma dela, ao ponto dele não conseguir
demostrar afeto pelas filhas, mesmo amando elas, chorei MUITO com ela contando
sua história, que é quando além de sabermos o que aconteceu com ela, conhecemos
ela, e sim dá para entender o porquê dela agir como ágil.
"Levanto-me. Meus joelhos doem e meus pés estão inchados, mas não me importo. Eu nunca liguei para coisas assim. Eu sou de Leningrado. Eu ando pela cozinha silenciosa e pela sala de jantar. Dali, posso ver meu jardim de inverno, onde tudo está coberto pela neve. O céu da cor de cobre polido. Gelo e geada estão pendurados como brincos de diamante nos beirais acima da varanda. E penso em meu doce Evan, que me salvou quando precisei ser salva e tanto me deu. Foi ele quem me disse tantas vezes que o perdão podia ser meu se eu tentasse encontrá-lo. Eu dairia tudo para ter escutado antes o que ele disse, mas sei que ele está me ouvindo agora."
"Durante anos, tentara amar a mãe da mesma forma incondicional que amara o pai. Esse desejo de amar - e de ser amada - era a pedra fundamental de sua juventude e sua primeira verdadeira derrota.
Nada que tivesse feito jamais parecia certo aos olhos da sua mãe e, para uma garota que desejava desesperadamente agradar, não conseguir deixou cicatrizes... "
"Durante anos, tentara amar a mãe da mesma forma incondicional que amara o pai. Esse desejo de amar - e de ser amada - era a pedra fundamental de sua juventude e sua primeira verdadeira derrota.
Nada que tivesse feito jamais parecia certo aos olhos da sua mãe e, para uma garota que desejava desesperadamente agradar, não conseguir deixou cicatrizes... "
Meredith, ou Mere para os íntimos, e Nina, apesar de serem
irmãs, são o completo oposto uma da outra, a primeira é a certinha (parecida
com o mais velho dos meus irmãos, o que me fez ter uma certa birra por ela)
e a que cuida de todos e deixa suas vontades para depois, sempre para depois, (o
que é parecido comigo, mas também me irritou); já Nina, a irmã caçula é a
doida da família, ela é mais parecida com a mãe, mais fria, não se permitindo
se relacionar muito com os outros, nem mesmo com o boy magia que ela ama e
também ama ela (o que me irritou profundamente), ela literalmente foge sempre
que encontra algo difícil de lidar, como o pedido do pai.
Mas será que as irmãs permaneceram assim? É claro que não, pois se o tempo muda, as pessoas também, e ambas mudam muito no decorrer da história, seja ao saberem do que ocorreu com a mãe, ou por outro motivo, e isso é a melhor coisa do livro e me fez amar essas personagens.
"Sem perceber Nina, a mulher parou à margem do rio e olhou para a cicatriz na terra onde deveria correr água. A expressão dela ficou dura, então desesperada quando ergueu as mãos para tocar a criança. Era uma expressão que Nina tinha visto em mulheres do mundo todo, especialmente em períodos de guerra e destruição. Um medo profundo pelo futuro de seu filho..."
Mas será que as irmãs permaneceram assim? É claro que não, pois se o tempo muda, as pessoas também, e ambas mudam muito no decorrer da história, seja ao saberem do que ocorreu com a mãe, ou por outro motivo, e isso é a melhor coisa do livro e me fez amar essas personagens.
"Sem perceber Nina, a mulher parou à margem do rio e olhou para a cicatriz na terra onde deveria correr água. A expressão dela ficou dura, então desesperada quando ergueu as mãos para tocar a criança. Era uma expressão que Nina tinha visto em mulheres do mundo todo, especialmente em períodos de guerra e destruição. Um medo profundo pelo futuro de seu filho..."
De outros personagens, vale destacar, Daniel, namorado irlandês de
Nina, ele é um fotografo/jornalista que nem ela, e que também vive que nem ela,
se aventurando pelo mundo a procura de noticias, mas ele muda e começa a querer
se fixar com Nina, o que ela não quer, mas se eles ficaram juntos ou não, não
irei contar.
"Como ela, tinha olhos velhos. Era uma consequência da profissão. Tinham visto coisas terríveis demais. Mas fora isso que os aproximara. O que tinham em comum. O desejo de ver tudo, de conhecer tudo, não importava qual terrível fosse."
"Como ela, tinha olhos velhos. Era uma consequência da profissão. Tinham visto coisas terríveis demais. Mas fora isso que os aproximara. O que tinham em comum. O desejo de ver tudo, de conhecer tudo, não importava qual terrível fosse."
A leitura do livro foi muito boa, o livro é simplesmente
apaixonante, mesmo sendo horrivelmente triste, eu choro demais com tudo, então
dá para imaginar que eu fiquei destratado com a leitura de Jardim de Inverno,
não só nas partes em Leningrado, mas em praticamente o livro todo.
"Em outubro, cai a primeira neve. Geralmente, é um período de risadas, quando as crianças brincam nos parques com seus pais e fazem anjos de neve e fortes. Mas não durante o período de guerra. Agora, a neve é como pequenos flocos de morte branca caindo sobre a cidade arruinada. A bela camada branca cobre todas as defesas - os dentes de dragão , as barras de ferro, as trincheiras. Subitamente, a cidade está linda novamente, uma terra de maravilhas com pontes em arco, passagens congeladas, e parques brancos. Se não olhar para os prédios em ruínas ou pilhas de tijolos queimados onde antes havia uma loja, é possível quase esquecer... até as 7 horas. É quando os alemães jogam as bombas. Toda noite, feito um relógio."
Ele possui uma narrativa lenta, porém que não nos deixa cansados e que é necessária em seu objetivo: O de fazermos entender tudo o que ocorreu.
É magico o jeito que o conto de fadas de Anya aos poucos se torna real, o que é lento, MAS isso é ótimo, pois o meu lado Sherlock entrou na ativa, e fui desvendando tudo na história (cheguei mesmo a descobrir metade do final por dedução, mas metade porquê? Simples, descobri o que tinha ocorrido, mas não o modo, o que não tirou a graça de descobrir o que houve com Anya).
Do mesmo jeito que é magico ver a transição do conto de fadas para a realidade, é trágico constatar que a história de Anya pode ter acontecido com qualquer um, e isso apesar de triste, também é outro aspecto positivo de Jardim de Inverno.
"Não vou dizer o que fiz para conseguir um assento no trem que ia para o leste. Não importa de fato. Eu não sou realmente eu. Sou este corpo devastado de cabelos brancos que não pode descansar, por mais que anseie deitar, fechar os olhos e desistir. A dor da perda está sempre comigo, tentando-me a fechar os olhos."
Do final eu nem falo nada, só digo que achei um pouco surreal (e obvio) certo acontecimento que ocorreu no Alasca quando Anya e as filhas viajam para lá, porém o final foi muito bom, é claro que recomendo a leitura de Jardim de Inverno, até mesmo para aqueles, como eu, que choram com tudo, pois, de vez em quando é muito bom chorar (rsrsrsrs).
"Em outubro, cai a primeira neve. Geralmente, é um período de risadas, quando as crianças brincam nos parques com seus pais e fazem anjos de neve e fortes. Mas não durante o período de guerra. Agora, a neve é como pequenos flocos de morte branca caindo sobre a cidade arruinada. A bela camada branca cobre todas as defesas - os dentes de dragão , as barras de ferro, as trincheiras. Subitamente, a cidade está linda novamente, uma terra de maravilhas com pontes em arco, passagens congeladas, e parques brancos. Se não olhar para os prédios em ruínas ou pilhas de tijolos queimados onde antes havia uma loja, é possível quase esquecer... até as 7 horas. É quando os alemães jogam as bombas. Toda noite, feito um relógio."
Ele possui uma narrativa lenta, porém que não nos deixa cansados e que é necessária em seu objetivo: O de fazermos entender tudo o que ocorreu.
É magico o jeito que o conto de fadas de Anya aos poucos se torna real, o que é lento, MAS isso é ótimo, pois o meu lado Sherlock entrou na ativa, e fui desvendando tudo na história (cheguei mesmo a descobrir metade do final por dedução, mas metade porquê? Simples, descobri o que tinha ocorrido, mas não o modo, o que não tirou a graça de descobrir o que houve com Anya).
Do mesmo jeito que é magico ver a transição do conto de fadas para a realidade, é trágico constatar que a história de Anya pode ter acontecido com qualquer um, e isso apesar de triste, também é outro aspecto positivo de Jardim de Inverno.
"Não vou dizer o que fiz para conseguir um assento no trem que ia para o leste. Não importa de fato. Eu não sou realmente eu. Sou este corpo devastado de cabelos brancos que não pode descansar, por mais que anseie deitar, fechar os olhos e desistir. A dor da perda está sempre comigo, tentando-me a fechar os olhos."
Do final eu nem falo nada, só digo que achei um pouco surreal (e obvio) certo acontecimento que ocorreu no Alasca quando Anya e as filhas viajam para lá, porém o final foi muito bom, é claro que recomendo a leitura de Jardim de Inverno, até mesmo para aqueles, como eu, que choram com tudo, pois, de vez em quando é muito bom chorar (rsrsrsrs).
QUOTES
"Em lugar algum a quietude era mais perceptível do que na casa de Meredith Whitson. Aos 12, ela já havia descoberto os espaços vazios que cresciam entre as pessoas. Ela ansiava que sua família fosse como aquelas que via na TV, nas quais tudo parecia perfeito e todos se entendiam. Ninguém, nem mesmo seu amado pai, compreendia como ela costumava se sentir solitária entre aquelas 4 paredes, sentindo-se invisível. "
"Pelo que pareceu uma eternidade, nenhuma das duas disse nada. Por fim, Mamãe falou:
- Seu pai pensa que não posso lidar com a morte dele.
- E você pode? - Nina perguntou com simplicidade.
- Você ficaria surpresa com o que o coração humano pode suportar.
..."
"... Aqui e ali, bolas vermelhas de Natal apareciam em meio à neve, emolduradas por folhas verdes brilhantes. Não que a mamãe pudesse ver essas cores, é claro. O defeito de nascimento a impedia de ver a verdadeira beleza de seu jardim. Meredith nunca compreendera por que uma mulher que via o mundo em preto e branco dava tanta importância para flores, mas Nina sabia do poder de imagens em preto e branco. Às vezes, uma coisa ficava mais verdadeira quando se removiam as cores..."
"- O que houve? - Nina perguntou suavemente.
- Ele me perguntou se eu ainda o amo.
- E?
- Eu não respondi - Meredith disse. - Eu não respondi. E ainda não liguei para ele, não fui atrás dele nem escrevi para ele uma carta apaixonada nem implorei para voltar. Não é de admirar que ele tenha me deixado. Ele até disse...
- O quê?
- Que eu sou como Mamãe.
- Então agora eu acho que ele é um imbecil e um cuzão.
- Ele me ama - Meredith disse. - E eu o magoei. Eu sei. Foi esse o motivo de ele falar isso.
- Quem dá a mínima para os sentimentos dele? Esse é o seu problema, Mere, você se importa demais com todo mundo. O que é que VOCÊ quer?
Ela não se fazia essa pergunta havia anos. Tinha ido para a faculdade que podiam pagar, não para a que queria; casara-se antes do planejado porque ficara grávida; voltara para Belye Nochi porque Papai precisava dela. Quando foi que havia feito o que queria?
Estranhamente, ela pensou no pomar de antigamente, quando começara a loja de presentes e a estocara com coisas que amava.
- Você vai descobrir, Mere. Eu garanto. - Nina aproximou-se e a abraçou."
"- Nós, mulheres, fazemos escolhas por outros, não por nós mesmas, e, quando somos mães, nós... suportamos o que for preciso por nossas crianças. Você vai protegê-las. Isso vai doer em você; isso vai doer nelas. Seu trabalho é esconder que seu coração está se partindo e fazer o que elas precisam que você faça. - VERA (mãe dela)"
"Meredith sentiu uma espécie de tristeza. Não era o que sentira antes: não era desapontamento porque as filhas não ligavam para ela, nem medo de que Jeff não a amasse, nem mesmo preocupação de que houvesse perdido demais de si mesma. Essa nova sensação era a percepção de que não era mais jovem. Os dias de bagunça com as filhas já haviam passado. Suas filhas agora estavam por contra própria e Meredith precisava aceitar isso. Elas seriam sempre uma família, mas se havia aprendido alguma coisa nas últimas semanas, era que uma família não é algo estático. As mudanças ocorriam o tempo todo. Como com os continentes, as mudanças, às vezes, eram invisíveis e subterrâneas, outras vezes, explosivas e mortais. O truque era manter o equilíbrio. Não era possível controlar a direção em que a família seguia, assim como não era possível impedir que a plataforma continental se rompesse. Tudo que se podia fazer era seguir com a maré."
"- A aurora boreal - Mamãe disse, encostando-se na cadeira cor de laranja. - Meu Papa às vezes me levava para fora no meio da noite, quando todo mundo estava dormindo. Ele sussurrava: 'Verushka, minha pequena escritora', pegava minha mãe, me enrolava em um cobertor e nós saímos para as ruas de Leningrado para olhar para o céu. Era tão lindo. O show de luzes de Deus, meu Papa dizia, embora dissesse isso bem suavemente. Tudo que ele dizia naquela época era perigoso. Nós apenas não sabíamos. - Ela suspirou.- Acho que essa é a primeira vez que falei sobre ele. Apenas lembre de algo comum.
- Isso dói? - Mere perguntou;
Mamãe pensou naquilo por um momento e então disse:
- De uma forma boa. Estávamos sempre com tanto medo de falar sobre ele. Foi isso que Stalin fez conosco. Quando fim para os EUA, eu não podia acreditar como todo mundo era tão livre, como falavam abertamente o que pensavam. E nos anos 1960 e 1970... Meu pai teria adorado ver um protesto não violento ou uma daquelas demonstrações dos jovens em uma universidade. Ele era como eles, como... Sasha e o pai de vocês. Sonhadores.
- Vera era uma sonhadora - Nina disse gentilmente.
Mamãe assentiu.
- Durante algum tempo."
"Como era possível que sua vida inteira fosse destilada nessa verdade tão simples? As palavras importam. Sua vida fora definida por coisas ditas e não ditas."
"Em lugar algum a quietude era mais perceptível do que na casa de Meredith Whitson. Aos 12, ela já havia descoberto os espaços vazios que cresciam entre as pessoas. Ela ansiava que sua família fosse como aquelas que via na TV, nas quais tudo parecia perfeito e todos se entendiam. Ninguém, nem mesmo seu amado pai, compreendia como ela costumava se sentir solitária entre aquelas 4 paredes, sentindo-se invisível. "
"Pelo que pareceu uma eternidade, nenhuma das duas disse nada. Por fim, Mamãe falou:
- Seu pai pensa que não posso lidar com a morte dele.
- E você pode? - Nina perguntou com simplicidade.
- Você ficaria surpresa com o que o coração humano pode suportar.
..."
"... Aqui e ali, bolas vermelhas de Natal apareciam em meio à neve, emolduradas por folhas verdes brilhantes. Não que a mamãe pudesse ver essas cores, é claro. O defeito de nascimento a impedia de ver a verdadeira beleza de seu jardim. Meredith nunca compreendera por que uma mulher que via o mundo em preto e branco dava tanta importância para flores, mas Nina sabia do poder de imagens em preto e branco. Às vezes, uma coisa ficava mais verdadeira quando se removiam as cores..."
"- O que houve? - Nina perguntou suavemente.
- Ele me perguntou se eu ainda o amo.
- E?
- Eu não respondi - Meredith disse. - Eu não respondi. E ainda não liguei para ele, não fui atrás dele nem escrevi para ele uma carta apaixonada nem implorei para voltar. Não é de admirar que ele tenha me deixado. Ele até disse...
- O quê?
- Que eu sou como Mamãe.
- Então agora eu acho que ele é um imbecil e um cuzão.
- Ele me ama - Meredith disse. - E eu o magoei. Eu sei. Foi esse o motivo de ele falar isso.
- Quem dá a mínima para os sentimentos dele? Esse é o seu problema, Mere, você se importa demais com todo mundo. O que é que VOCÊ quer?
Ela não se fazia essa pergunta havia anos. Tinha ido para a faculdade que podiam pagar, não para a que queria; casara-se antes do planejado porque ficara grávida; voltara para Belye Nochi porque Papai precisava dela. Quando foi que havia feito o que queria?
Estranhamente, ela pensou no pomar de antigamente, quando começara a loja de presentes e a estocara com coisas que amava.
- Você vai descobrir, Mere. Eu garanto. - Nina aproximou-se e a abraçou."
"- Nós, mulheres, fazemos escolhas por outros, não por nós mesmas, e, quando somos mães, nós... suportamos o que for preciso por nossas crianças. Você vai protegê-las. Isso vai doer em você; isso vai doer nelas. Seu trabalho é esconder que seu coração está se partindo e fazer o que elas precisam que você faça. - VERA (mãe dela)"
"Meredith sentiu uma espécie de tristeza. Não era o que sentira antes: não era desapontamento porque as filhas não ligavam para ela, nem medo de que Jeff não a amasse, nem mesmo preocupação de que houvesse perdido demais de si mesma. Essa nova sensação era a percepção de que não era mais jovem. Os dias de bagunça com as filhas já haviam passado. Suas filhas agora estavam por contra própria e Meredith precisava aceitar isso. Elas seriam sempre uma família, mas se havia aprendido alguma coisa nas últimas semanas, era que uma família não é algo estático. As mudanças ocorriam o tempo todo. Como com os continentes, as mudanças, às vezes, eram invisíveis e subterrâneas, outras vezes, explosivas e mortais. O truque era manter o equilíbrio. Não era possível controlar a direção em que a família seguia, assim como não era possível impedir que a plataforma continental se rompesse. Tudo que se podia fazer era seguir com a maré."
"- A aurora boreal - Mamãe disse, encostando-se na cadeira cor de laranja. - Meu Papa às vezes me levava para fora no meio da noite, quando todo mundo estava dormindo. Ele sussurrava: 'Verushka, minha pequena escritora', pegava minha mãe, me enrolava em um cobertor e nós saímos para as ruas de Leningrado para olhar para o céu. Era tão lindo. O show de luzes de Deus, meu Papa dizia, embora dissesse isso bem suavemente. Tudo que ele dizia naquela época era perigoso. Nós apenas não sabíamos. - Ela suspirou.- Acho que essa é a primeira vez que falei sobre ele. Apenas lembre de algo comum.
- Isso dói? - Mere perguntou;
Mamãe pensou naquilo por um momento e então disse:
- De uma forma boa. Estávamos sempre com tanto medo de falar sobre ele. Foi isso que Stalin fez conosco. Quando fim para os EUA, eu não podia acreditar como todo mundo era tão livre, como falavam abertamente o que pensavam. E nos anos 1960 e 1970... Meu pai teria adorado ver um protesto não violento ou uma daquelas demonstrações dos jovens em uma universidade. Ele era como eles, como... Sasha e o pai de vocês. Sonhadores.
- Vera era uma sonhadora - Nina disse gentilmente.
Mamãe assentiu.
- Durante algum tempo."
"Como era possível que sua vida inteira fosse destilada nessa verdade tão simples? As palavras importam. Sua vida fora definida por coisas ditas e não ditas."
"Por toda a sua vida, quando Nina olhara para o belo rosto da mãe, tinha visto ossos pontudos e olhos duros e a boca que nunca sorria.
Agora, Nina enxergava além disso. As linhas duras eram algo imposto; uma máscara sobre a suavidade que havia por baixo."
"Se havia uma coisa que ela aprendera com tudo isso era que a vida - e o amor - podem acabar em um segundo. Quando você os tem, precisa se agarrar a eles com toda a força e saborear cada segundo."
"Alegria e tristeza eram parte do pacote; o truque, talvez, fosse permitir-se sentir tudo, mas agarrar-se à alegria um pouquinho mais, porque nunca se sabe quando um coração forte pode desistir."
"Estou descalça e vestindo apenas uma camisola de flanela. Se for lá fora, Mere e Nina vão de preocupar, temendo que eu esteja ficando louca novamente, que eu esteja tendo um lapso. Apenas Anya vai entender..."
Agora, Nina enxergava além disso. As linhas duras eram algo imposto; uma máscara sobre a suavidade que havia por baixo."
"Se havia uma coisa que ela aprendera com tudo isso era que a vida - e o amor - podem acabar em um segundo. Quando você os tem, precisa se agarrar a eles com toda a força e saborear cada segundo."
"Alegria e tristeza eram parte do pacote; o truque, talvez, fosse permitir-se sentir tudo, mas agarrar-se à alegria um pouquinho mais, porque nunca se sabe quando um coração forte pode desistir."
"Estou descalça e vestindo apenas uma camisola de flanela. Se for lá fora, Mere e Nina vão de preocupar, temendo que eu esteja ficando louca novamente, que eu esteja tendo um lapso. Apenas Anya vai entender..."
Nota: 4/5 -fav
Olá,li esse livro recentemente e me emocionei bastante. Principalmente com o passado de Anya.
ResponderExcluirConfesso que tive uma antipatia por ela no decorrer da história,mas aos poucos fui mudando a minha opinião sobre a personagem.
Acho que vale à pena ler o livro,e entender como a vida muda as pessoas...
Olá Janaina.
ExcluirTbm me emocionei demais, mas me emociono facilmente, então, esse livro já foi feito pra me emocionar.
Tbm senti uma certa antipatia com ela, mas acho que ela é o tipo de personagem que começamos a gostar aos poucos e isso é a melhor coisa nela, terminei amando ela e as filhas ♥